Donald Trump ataca Harvard e bane estrangeiros

Washington (EUA) – Em mais um episódio da cruzada autoritária contra universidades, Donald Trump ordenou, nesta quinta-feira (22), a suspensão da matrícula de estudantes estrangeiros na Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo.

A medida foi anunciada pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, sob acusações sem provas de que a instituição teria vínculos com “terrorismo”.

O governo retirou a Certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio, essencial para que alunos de fora obtenham o visto estudantil. A decisão ameaça diretamente o futuro acadêmico de milhares de jovens de mais de 140 países que estudam ou pretendem estudar nos Estados Unidos.

Harvard na mira da extrema-direita

A justificativa oficial beira o delírio conspiratório. Segundo o governo, Harvard estaria “fomentando violência, antissemitismo e colaboração com o Partido Comunista Chinês”. A secretária de Segurança Interna, Kristen Noem, ainda declarou que aceitar estudantes estrangeiros seria um “privilégio”, não um direito – e que a punição deve servir de exemplo a outras instituições.

Sem a certificação, Harvard fica impossibilitada de emitir os documentos exigidos para o visto F-1, necessário para estudantes internacionais.

Retaliação política e perseguição ideológica

A hostilidade do governo Trump contra Harvard não começou agora. Em abril, o republicano já havia congelado US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 12,4 bilhões) em bolsas de estudo da universidade, após a instituição se recusar a aceitar interferência federal em seus processos internos de ensino e contratação.

O estopim foi a posição firme de Harvard contra o genocídio em Gaza e o apoio a protestos pacíficos no campus. Para a Casa Branca, esses atos configuram “atividades ilegais e violentas” – um rótulo que ecoa táticas autoritárias de regimes que criminalizam a dissidência.

Conheça o programa de Harvard que foi suspenso

O programa de intercâmbio atingido pela medida é parte do SEVP (Student and Exchange Visitor Program), um sistema que controla a entrada legal de estudantes estrangeiros nos EUA. Harvard, como qualquer universidade credenciada, precisa da certificação para emitir os formulários necessários ao visto de estudos.

Sem esse certificado, a universidade não pode mais aceitar novos alunos estrangeiros – o que afeta diretamente seu caráter internacional e compromete pesquisas, parcerias e diversidade no campus.

Harvard reage e denuncia ilegalidade

Em resposta oficial, Harvard classificou a medida como ilegal e reafirmou seu compromisso com a comunidade internacional:

“Permaneceremos totalmente comprometidos com nossos estudantes e professores vindos de mais de 140 países. A diversidade intelectual e cultural é parte essencial da nossa missão.”

A universidade ainda deve acionar os tribunais federais contra o bloqueio, o que pode desencadear uma disputa jurídica de grandes proporções sobre liberdade acadêmica, autonomia universitária e direitos civis nos Estados Unidos.

Comparações internacionais

Enquanto governos de países como Canadá, Alemanha e Austrália ampliam seus programas de acolhimento a estudantes internacionais, os EUA, sob Trump, caminham na contramão da ciência, da educação e da convivência democrática. Especialistas alertam que a medida pode prejudicar a reputação internacional do sistema universitário norte-americano e afastar talentos globais.

O Carioca esclarece

Por que isso importa?
A decisão afeta diretamente a vida de milhares de estudantes estrangeiros e representa um ataque frontal à autonomia das universidades nos EUA.

Quem são os envolvidos?
O governo Donald Trump, o Departamento de Segurança Interna, a secretária Kristen Noem e a Universidade de Harvard.

Qual o impacto no Brasil e no mundo?
Brasileiros e outros estudantes internacionais que planejavam estudar em Harvard podem ser barrados. A medida prejudica o intercâmbio acadêmico e a ciência global.

Como isso afeta a democracia e os direitos?
Reforça a escalada autoritária do trumpismo, criminaliza protestos pacíficos e viola o direito à educação internacional e à liberdade acadêmica.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.