Fort Lauderdale (EUA) – De Porsche a prantos. É assim que Esdras Jônatas dos Santos, empresário bolsonarista foragido da Justiça brasileira, tenta agora comover seus antigos aliados para escapar do cerco.
Chorando em um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta semana, ele implora por ajuda a Eduardo Bolsonaro e a qualquer um que possa localizá-lo nos Estados Unidos. “Estou sendo perseguido dentro dos Estados Unidos… Eu peço socorro, em nome de Jesus”, diz, com voz embargada.
A cena melancólica seria cômica, não fosse trágica. Esdras é acusado de financiar e organizar os atos terroristas que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília, no fatídico 8 de Janeiro de 2023.
Ele e a ex-esposa, Kathy Le Thi Thanh My dos Santos, também alvo das investigações, fugiram para os EUA logo após os ataques. Estão em Fort Lauderdale, na Flórida, de onde tentam escapar das consequências.
Procurado pelo STF, mas ainda online
Ambos têm mandados de prisão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, passaportes cancelados, contas bancárias bloqueadas e ordem expressa de não usar redes sociais. Nada disso impediu que Esdras publicasse seu vídeo apelativo — mais uma afronta à Justiça brasileira e um aceno desesperado ao bolsonarismo internacional, com foco em Eduardo Bolsonaro, que também estava nos EUA durante os atos golpistas.
Apesar das restrições, Esdras continua ativo nas redes. Na gravação, além de se dizer “injustiçado”, tenta descolar sua imagem das investigações e nega qualquer envolvimento com crimes. Ele não explica, porém, por que tentou vender um Porsche avaliado em R$ 400 mil enquanto fugia, segundo revelou a imprensa brasileira.
Leia Também: Mauro Cid previa prisão e abandono de Bolsonaro se Lula vencesse
Cúmplices do caos
A situação de Esdras não é isolada. Ele faz parte de uma rede de bolsonaristas que fugiram do Brasil após o 8 de Janeiro e agora vivem como refugiados do próprio golpismo. O caso reacende o debate sobre a impunidade transnacional de extremistas de direita, que tentam escapar da Justiça brasileira enquanto mantêm conexões com a militância bolsonarista e até com setores da política norte-americana.
Em 2023, o Diário Carioca já havia denunciado o rastro de brasileiros envolvidos nos atos golpistas que tentavam se estabelecer nos EUA e em Portugal, na tentativa de escapar das investigações. Leia aqui (link interno).
Interferência internacional?
O apelo a Eduardo Bolsonaro também levanta suspeitas sobre tentativas de articulação política internacional para proteger foragidos. O filho do ex-presidente tem histórico de relações estreitas com a extrema-direita americana, incluindo encontros com Donald Trump, Steve Bannon e outros nomes do trumpismo.
O vídeo de Esdras, portanto, não é apenas um pedido de socorro. É também um sinal de alerta: os protagonistas do 8 de Janeiro seguem articulados, mesmo foragidos. A fronteira entre “perseguição” e “fuga organizada” está ficando cada vez mais nebulosa — e o bolsonarismo segue exportando seus delírios para além do Brasil.
O Carioca esclarece
Quem é Esdras Jônatas dos Santos?
Empresário bolsonarista acusado de financiar os atos golpistas de 8 de Janeiro. Está foragido nos EUA, com mandado de prisão expedido pelo STF.
Por que ele pediu ajuda a Eduardo Bolsonaro?
Esdras tenta se reconectar com aliados da extrema-direita brasileira e norte-americana, buscando apoio político e proteção internacional.
Qual a situação jurídica de Esdras e sua ex-esposa?
Ambos têm passaportes cancelados, contas bloqueadas, proibição de uso das redes sociais e mandados de prisão em aberto.
Como isso afeta a democracia?
Casos como esse mostram que redes golpistas seguem operando fora do Brasil, exigindo cooperação internacional para frear a impunidade.