Copacabana (RJ) – A morte de Dayane de Jesus, de 22 anos, durante um treino na academia Forma Fitness, expôs muito mais do que falhas de segurança em ambientes de musculação. Escancarou também uma postura de indiferença e desprezo por parte da empresa diante da tragédia. Após reações revoltadas, a academia apagou todas as publicações anteriores sobre o caso de suas redes sociais e tentou apagar também o rastro de um posicionamento agressivo e desrespeitoso.
Academia debochou antes de se retratar
No dia 22 de maio, dois dias após a morte da jovem, a academia publicou uma nota nas redes em tom de desafio. No lugar de condolências ou explicações, criticou abertamente quem se incomodasse com a forma como o caso estava sendo conduzido:
“Aos que trabalham como personal e discordam, cai fora… A empresa tem dono! Não gostou, é só sair…”.
A postagem foi duramente criticada por alunos, funcionários e pela família de Dayane, sendo posteriormente removida sem qualquer retratação imediata. A mãe da jovem, Rose de Jesus, ficou indignada com a forma como a academia tratou o episódio. Em conversa com o amigo da família, Raphael D’Ávila, ela teria desabafado:
“Eles estão debochando da minha filha?”.
Nova nota tenta conter danos
Diante da repercussão negativa, a Forma Fitness publicou neste sábado (24) uma nova nota oficial, com um tom mais cuidadoso. Dessa vez, a academia prestou condolências à família de Dayane, mas evitou mencionar a postura anterior.
A tentativa de apagar as pegadas não convenceu. Usuários seguem comentando a falta de empatia e responsabilidade da empresa, enquanto outros exigem uma apuração rigorosa sobre as condições do local, presença de profissionais habilitados e o acompanhamento do treino que resultou na morte da jovem.
Casos de negligência em academias se repetem
A tragédia com Dayane de Jesus não é um caso isolado. Mortes e lesões graves durante atividades físicas em academias se tornam mais frequentes diante da falta de fiscalização, do abandono da educação física como política pública e da proliferação de espaços privados que operam como fábricas de lucro — muitas vezes sem estrutura adequada.
O Conselho Regional de Educação Física (CREF) já alertou diversas vezes para os riscos de treinos não supervisionados ou de academias que contratam “personais” informais, sem formação ou registro profissional. A negligência vira padrão, e o custo disso, como se viu em Copacabana, pode ser a vida.
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Luto e revolta
Dayane era moradora da Zona Oeste do Rio, estava matriculada na academia há poucos meses e era descrita por amigos como dedicada e otimista. A perda repentina e brutal transformou o ambiente de treino em cenário de luto. O que deveria ser um espaço de saúde virou palco de tragédia.
Para a família, o comportamento da Forma Fitness agrava ainda mais a dor. A ausência de empatia, somada à arrogância expressa na primeira nota, gera revolta. “Se fosse com a filha deles?”, perguntou um usuário nos comentários da nova postagem da academia.
A Polícia Civil investiga o caso. Ainda não foram divulgadas informações sobre a causa da morte nem se havia profissional acompanhando o exercício que a jovem realizava no momento da parada cardiorrespiratória. O Ministério Público também pode ser acionado para apurar responsabilidade penal e administrativa da academia.
O Carioca esclarece
Quem era Dayane de Jesus?
Era uma jovem de 22 anos, moradora da Zona Oeste do Rio, que morreu durante um treino em uma academia de Copacabana.
Por que a academia apagou publicações?
Após críticas à postura desrespeitosa diante da tragédia, a Forma Fitness tentou minimizar o impacto deletando notas e postagens.
O que está sendo investigado?
A polícia apura se houve negligência no atendimento e se a academia cumpria exigências legais de segurança e acompanhamento profissional.
Como o caso revela falhas estruturais?
Exemplifica o risco crescente em academias privadas sem fiscalização, com foco em lucro rápido e pouca preocupação com vidas.