Centro de Triagem já recebeu mais de 450 animais silvestres de janeiro a abril de 2025

 

O Governo de Sergipe, por meio da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), mantém o Centro de Triagem de Animais Silvestres da Adema (Cetas), no Parque da Cidade, zona norte de Aracaju, que tem por objetivo receber e reabilitar animais silvestres de todo o estado e prepará-los para a reintrodução na natureza. De janeiro a abril de 2025, foram 452 entradas, sendo 172 resgates, 72 apreensões e 208 entregas voluntárias. No mesmo período, foram realizadas 335 solturas e 239 solturas efetivas.

A equipe de nove profissionais tem o papel de atender as solicitações de resgate de animais feridos, em via pública ou dentro das residências, enviadas pela população. De acordo com a veterinária e coordenadora do Cetas, Katiuscia Ribeiro, a maioria dos chamados é para o resgate de cobras, aves de rapinas e jacarés, estes últimos pelo fato de a cidade de Aracaju ser cercada por rios, lagos, mangues e canais. Em período de enchentes, por exemplo,os jacarés acabam entrando nesses canais.

Apesar de solicitar o auxílio do Corpo de Bombeiros Militar, quando necessário, na maioria das vezes o Cetas faz os resgates por conta própria. “Recebemos chamados por telefone ou pelo WhatsApp ou até mesmo pela central da Adema. Eles nos passam a informação do local e procuramos saber do animal, se ele oferece perigo à população, entre outros detalhes”, informa a gestora, acrescentando que o resgate em poços, árvores e fios de alta tensão contam com o auxílio do Corpo de Bombeiros.

Os médicos veterinários e auxiliares que fazem o resgate externo levam os animais para o Cetas, onde permanecem três veterinários que recebem esses animais, caso seja necessário pequenas cirurgias, suturas, qualquer procedimento que não requeira centro cirúrgico. Os animais são mantidos em observação e, depois, é feita a reintrodução dele à natureza. “Quando eles não conseguem ir à natureza, são encaminhados. As aves de rapina, por exemplo, são encaminhadas para o Parque dos Falcões, em Itabaiana, ou outras instituições que queiram recebê-los”, complementa Katiuscia.

Reintrodução

Segundo a coordenadora, são recebidos muitos chamados de neonatos, ou seja, de filhotes que, por alguma razão, perderam suas mães. “São filhotes de aves, saguis, por exemplo, que, às vezes, caem das costas da mãe e ficam com alteração neurológica, mas conseguimos recuperá-los”, explica a veterinária. Ela relata que é comum que esses animais acabem ficando no Parque da Cidade ou sejam levados para alguma instituição parceira do estado, por conta da humanização pela qual eles inevitavelmente são submetidos. “Quando o animal começa a ficar domesticado, é natural que ele fique no centro. É possível fazer, também, o termo de guarda provisório, até encontrarmos um local para destiná-los”, complementa.

A veterinária explica, ainda, que o trabalho de reabilitação é feito até o momento que seja possível descontinuar a aproximação dos seres humanos. Quando eles começam a se alimentar sozinhos e aprendem a caçar, é o momento de readaptá-los e reintroduzi-los na natureza.

No caso dos mamíferos, como os saguis, há um desafio maior devido ao contato com os humanos. Como se trata de animais de bando, é mais difícil reintroduzi-los. “Alguns nos veem como mãe deles”, declara a coordenadora do Cetas. As aves de rapinas, no entanto, não apresentam essa questão porque são animais alimentados por pinça, sem o toque humano. Já o filhote de tamanduá também apresenta alta tendência à domesticação e a reintrodução na natureza se torna um desafio. “Como são filhotes, eles não têm ação de defesa como um animal que foi criado no mato”, aponta.

Crime

Manter animais silvestres em cativeiro sem a devida autorização ambiental é crime, de acordo com a Lei de Crimes Ambientais, de nº 9.605/1998. Em cinco anos de atuação no Cetas, Katiuscia Ribeiro conta que ainda se surpreende com a quantidade de casos de entregas voluntárias de papagaios que, ao contrário do que a maioria possa imaginar, são animais silvestres e não domésticos. Segundo ela, a maioria dos criadores atua de maneira ilegal, retirando esses animais da natureza ou comprando de contrabando. Por receio de responder na Justiça, essas pessoas acabam entregando os animais no Cetas. “Isso me surpreende, porque eles ficam muito tristes com a separação e muitos vão a óbito. Os animais legais são criados em cativeiros legalizados. Esses, sim, são permitidos ter em casa”, salienta.

A coordenadora adverte às pessoas que mantêm animais ilegais em casa para que os entreguem voluntariamente ao Cetas, e, desta forma, livrem-se de qualquer penalidade. “A partir do momento que é mantido um animal silvestre em casa ilegalmente e a denúncia é feita, a polícia pode ser acionada e as providências legais serão tomadas”, alerta.

A população que avistar um animal silvestre que precise de resgate deve entrar em contato com a Adema pelo telefone fixo 79 3198-7152 ou pelo número 79 99983-7148, que volta a disponibilizar contato por Whatsapp. Os dois números podem ser acessados de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h. Aos finais de semana, o Whatsapp também funciona, no mesmo horário, com equipe disponível de plantão.

Revitalização 

Em setembro de 2024, o Governo do Estado entregou a revitalização completa do Cetas, com reforma e readequação da infraestrutura. Resultado de um termo de cooperação técnica firmado entre a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Sedurbi), Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac) e a Administração Estadual do Meio Ambiente, a revitalização faz parte da primeira etapa de reforma do Parque da Cidade, que recebeu investimentos de R$ 4,9 milhões, oriundos da compensação ambiental acordada entre o Governo de Sergipe e a empresa Eneva.

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