Senador bolsonarista ataca Marina Silva e misoginia é desmascarada

Brasília – A velha guarda do machismo institucional deu mais um espetáculo grotesco nesta terça-feira (27 de maio), quando o senador bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO) resolveu atacar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em plena Comissão de Infraestrutura do Senado. O show de autoritarismo — com direito a microfone cortado, grosserias e ameaças — só não passou impune porque Marina, como sempre, enfrentou o teatrinho misógino com firmeza: “Não sou submissa”.

Misoginia institucional escancarada

A sessão começou a descarrilar quando Marina Silva criticou falas do senador Omar Aziz (PSD-AM) e questionou a forma como Marcos Rogério conduzia a comissão. O bolsonarista não gostou. Preferiu responder no grito e com a truculência que virou norma na extrema direita. Cortou o microfone da ministra repetidamente e lançou um discurso paternalista disfarçado de indignação.

“Agora sexismo, ministra? Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”, disse Marcos Rogério, num arroubo de arrogância parlamentar que só não foi mais absurdo que sua tentativa de se passar por vítima. Sim, segundo ele, Marina teria “vindo à comissão para tumultuar”.

Para completar a performance, o senador ameaçou convocar novamente a ministra — como se um convite forçado fosse capaz de restaurar o respeito que ele próprio desprezou em plenário.

Um histórico de violência verbal contra mulheres

O episódio expôs não só a animosidade de um grupo que vê mulheres em posições de poder como uma afronta pessoal, mas também o comportamento recorrente de Plínio Valério (PSDB-AM), que entrou na discussão com sua costumeira virulência verbal. Disse: “A mulher merece respeito. A ministra, não.” Para quem já declarou no plenário que tinha “vontade de enforcar Marina Silva”, essa frase é mais do que um insulto — é um alerta.

A ministra, sem abaixar a cabeça, exigiu retratação imediata. Como o senador se recusou a se desculpar, ela deixou a sessão, marcando seu protesto contra um ambiente em que a violência política de gênero é tratada como regra não escrita.

Machismo, bolsonarismo e a política da intimidação

Não é a primeira vez que Marcos Rogério tenta se projetar politicamente com base em ataques. Alinhado ao bolsonarismo mais rasteiro, já tentou deslegitimar investigações, defender o indefensável e bancar o “homem de bem” em comissões — desde que a “ordem” seja imposta aos gritos. Marina, com décadas de vida pública e reconhecimento internacional, virou alvo ideal: mulher, negra, ambientalista e independente. Ou seja, tudo o que incomoda o bloco mais reacionário do Congresso.

O silêncio conivente e a ausência de decoro

O que mais impressiona é a omissão cúmplice de outros parlamentares, que preferiram assistir à cena como se fosse um embate político comum, e não uma demonstração explícita de violência institucional contra uma mulher ministra de Estado. O Senado, mais uma vez, passa pano para o corporativismo agressivo dos seus pares.

Enquanto isso, a tentativa de Marina de apresentar dados e dialogar sobre obras com impacto ambiental virou pano de fundo para o teatro de hostilidade. A ministra ainda foi acusada por Omar Aziz de divulgar “dados falsos” — sem apresentar uma única prova.


O Carioca esclarece

Quem é Marcos Rogério e por que ele atacou Marina Silva?
É um senador bolsonarista que preside a Comissão de Infraestrutura. Tentou silenciar Marina por ela denunciar falas machistas e questionar sua condução da sessão.

O que está por trás da violência política de gênero no Congresso?
Um sistema patriarcal ainda dominante, que se incomoda com mulheres em posições de poder e tenta enquadrá-las com ameaças, deboche e desrespeito.

Por que Marina Silva deixou a sessão?
Ela exigiu retratação após falas ofensivas de Plínio Valério. Sem desculpas, se retirou como forma de protesto contra o ambiente misógino.

Como isso afeta a democracia?
Descredibilizar mulheres na política fragiliza o debate democrático, perpetua desigualdades e naturaliza a violência institucional.

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