Donald Trump envia Guarda Nacional para reprimir protestos pró-imigração

LOS ANGELES, EUA – 8 de junho de 2025 – Em mais uma escalada autoritária, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mobilizou 2 mil soldados da Guarda Nacional para conter manifestações em defesa dos direitos dos imigrantes na região metropolitana de Los Angeles.

A decisão, formalizada por memorando presidencial, ocorre após dois dias de protestos massivos e confrontos com a polícia em bairros majoritariamente latinos, como Paramount, onde mais de 80% da população é hispânica.

A operação, que inclui apoio do FBI e de unidades táticas federais, tem como alvo direto as manifestações contra as recentes batidas migratórias conduzidas por agentes do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega).

O governo alega que os protestos ameaçam a “ordem pública” e afirma que há uma “insurreição” em curso na Califórnia. Críticos acusam Trump de usar a repressão para fortalecer sua campanha pela reeleição, apostando no discurso de guerra interna contra imigrantes e governos locais democratas.

Discurso de guerra e repressão eleitoral

Em tom de campanha, Donald Trump justificou o envio das tropas como resposta à “anarquia que foi permitida prosperar” sob governos estaduais democratas. O presidente classificou os manifestantes como “criminosos” e disse que sua administração tem “tolerância zero para violência contra agentes da lei”.

O memorando presidencial assinado por Trump aciona a Guarda Nacional sob pretexto de garantir o cumprimento das operações de deportação, que já resultaram em pelo menos 44 prisões em Los Angeles desde sexta-feira (6). O FBI foi incumbido de investigar manifestantes que teriam obstruído ações do ICE.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que os manifestantes serão “rapidamente levados à justiça”, repetindo a retórica punitivista da gestão Trump. Para ela, os protestos são “ilegais” e equivalem a uma afronta à autoridade federal.

Califórnia no alvo: ataque à diversidade

Os protestos ocorreram principalmente em Paramount, bairro periférico de Los Angeles com cerca de 50 mil habitantes — dos quais 82% são de origem hispânica, segundo o censo americano. Ali, manifestantes empunharam cartazes exigindo “direitos plenos para todos os imigrantes” e o fim imediato das deportações.

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, condenou a repressão federal e denunciou a violação da soberania local. Em resposta, aliados de Trump, como o ex-diretor do ICE Tom Homan, zombaram da crítica e alegaram que a Guarda Nacional está “tornando Los Angeles mais segura”. Já Stephen Miller, arquiteto da política migratória trumpista, declarou que “ou deportamos os invasores, ou nos rendemos à insurreição”.

O linguajar militarizado, reforçado por figuras como Miller, reforça a construção de uma narrativa de guerra interna contra populações marginalizadas, especialmente latinos e imigrantes. Trata-se de uma retórica que mobiliza a base trumpista e transforma políticas de repressão em capital eleitoral.

Vídeos, gás e detenções: protesto vira alvo militar

Vídeos compartilhados nas redes sociais e na imprensa mostram cenas de brutalidade policial, com agentes de choque utilizando gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e escudos contra multidões desarmadas. Gritos de “Libertem todos” ecoaram enquanto manifestantes exigiam o fim das batidas migratórias.

O alerta tático foi decretado em toda a cidade na noite de sexta-feira, poucas horas depois de as manifestações serem rotuladas como “reuniões ilegais”. Desde então, pelo menos quatro pessoas foram presas, e dezenas ficaram feridas.

Organizações civis e defensores dos direitos humanos denunciaram a ação como uma tentativa explícita de silenciar a dissidência e criminalizar a resistência popular. Juristas alertam para o risco de violação da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que garante o direito à livre manifestação.

O Carioca Esclarece

Por que Donald Trump mobilizou a Guarda Nacional em Los Angeles?

A decisão faz parte de uma escalada repressiva da administração Trump contra protestos que denunciam suas políticas anti-imigração. A medida tem impacto político direto, pois instrumentaliza o aparato militar para intimidar opositores e fortalecer sua campanha pela reeleição em 2026.

O uso de tropas federais em solo americano é legal?

Embora previsto em situações excepcionais, o uso da Guarda Nacional para conter protestos civis é altamente controverso. Especialistas em direito constitucional alertam que tal medida pode configurar abuso de poder e violação de liberdades civis, principalmente se for usada com motivação política.

Qual o impacto social dessa militarização?

A repressão reforça o clima de medo entre comunidades imigrantes e racializadas, intensifica a polarização política e mina a confiança nas instituições democráticas. Além disso, a retórica belicista do governo acirra tensões sociais e alimenta discursos de ódio.

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