Ondas de calor, transpiração excessiva e suor noturno são alguns dos sintomas vasomotores que atormentam boa parte das mulheres na menopausa. Estudos mostram que eles podem ser ainda mais intensos para aquelas que chegam a essa fase da vida obesas.
“A gente vê uma relação de gravidade dos fogachos com a obesidade e com a obesidade visceral”, afirmou a endocrinologista Cecília Halpern no 21º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, que ocorreu em Belo Horizonte (MG) entre os dias 29 e 31 de maio.
Uma das hipóteses é que o tecido adiposo (a gordura) atue como um isolante térmico, dificultando a dissipação do calor do corpo. Isso faz com que as ondas de calor sejam mais intensas e frequentes nas mulheres com obesidade.
Outra explicação é que, por ser uma doença inflamatória, a obesidade pode interferir nos mecanismos hipotalâmicos de termorregulação, que são muito sensíveis, apontou a médica. Cecília também considera que o tecido adiposo interfere nos hormônios, que sofrem queda da produção com a falência ovariana na menopausa.
Por outro lado, fazer mudanças no estilo de vida e perder peso pode aliviar os sintomas vasomotores da menopausa, ao mesmo tempo que reduz o risco de problemas de saúde.
“Nós devemos incentivar a perda de peso para as mulheres que têm obesidade e não podem fazer a reposição hormonal — e também as que podem, como uma forma de potencializar a melhora dos sintomas clínicos”, afirma Cecília.
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Relação entre obesidade e piora dos sintomas da menopausa
Um estudo brasileiro, com mulheres com idades entre 40 e 65 anos de Pindamonhangaba (SP), mostrou que aquelas diagnosticadas com síndromes metabólicas corriam 16% mais risco de ter sintomas vasomotores.
A síndrome metabólica é um conjunto de alterações metabólicas que aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e derrame.
Outra pesquisa feita em Uberlândia (MG) observou que as mulheres com o peso saudável apresentavam sintomas mais leves da menopausa em comparação às que tinham obesidade. As com o índice de massa corporal (IMC) mais baixo também tinham menos episódios de sintomas graves.
Os dados estão alinhados com os resultados de uma pesquisa chinesa que acompanhou a saúde de 400 mulheres ao longo de dez anos. Os autores do estudo observaram que a gravidade dos sintomas vasomotores foi pior nas participantes com maior IMC e gordura visceral.
“Os estudos observacionais e longitudinais mostram que a obesidade piora os sinais da menopausa, enquanto os estudos de intervenção comprovam que o tratamento da obesidade, por outro lado, melhora os sintomas”, conta Cecília.
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Perder peso ajuda a amenizar os sintomas da menopausa
Além dos fogachos, a perda de peso também reduz significativamente a ocorrência de incontinência urinária, a qualidade do sono e queixas articulares.
“A parte articular é uma queixa muito comum da mulher que passa pela menopausa sem fazer reposição hormonal. Não só a artrose, como também osteoartrite mediada por fatores inflamatórios mais presentes na mulher com obesidade. Nós vemos a melhora do quadro com a perda de peso”, afirmou a endocrinologista.
Para essas mulheres, é indicado seguir uma dieta saudável, rica em fibras e percentual de gordura menor do que 20%. “A intervenção dietética, independentemente da perda de peso, mostra a melhora dos sintomas”, contou Cecília.
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