Brasília, 10 de junho de 2025 – Um episódio inusitado marcou o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF): o tenente-coronel Mauro Cid foi obrigado a interromper sua ida ao banheiro e saiu correndo para voltar à sessão, por ordem do ministro Alexandre de Moraes.
O incidente, apesar de breve, revelou a tensão nos bastidores da audiência e o papel central de Cid na investigação dos atos golpistas após as eleições de 2022. O ministro foi claro: o delator deveria estar presente integralmente, inclusive durante a fala do ex-presidente.
Um chamado que não podia esperar
Durante a oitiva conduzida na Primeira Turma do STF, Mauro Cid havia se afastado discretamente para usar o banheiro. No entanto, ao perceber sua ausência, Alexandre de Moraes interrompeu o interrogatório e determinou seu retorno imediato.
Alertado por seguranças do tribunal, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro retornou às pressas. O momento ocorreu justamente enquanto o ex-presidente respondia à única pergunta feita por sua defesa, relacionada à escolha de Cid como auxiliar direto na Presidência da República.
Moraes endurece com réus delatores
A reação de Moraes à ausência temporária de Cid não foi casual. Na véspera, o magistrado havia negado um pedido do militar para se ausentar dos depoimentos de outros réus no mesmo processo. Segundo fontes ouvidas pelo Diário Carioca, o ministro considera a presença de delatores premiados essencial para garantir a transparência e o contraditório nos julgamentos.
Mauro Cid, que firmou acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR), é peça-chave no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. Sua delação envolve não apenas Bolsonaro, mas também integrantes do alto escalão militar e político, além de aliados do ex-presidente no exterior.
Um depoimento tenso e monitorado
A audiência foi marcada por clima tenso. Bolsonaro, que responde por incitação ao crime, abuso de poder e conspiração contra a democracia, manteve o tom de vitimização habitual, segundo relatos do plenário. Cid, por sua vez, permaneceu calado durante a maior parte da sessão, ao lado de seus advogados.
Fontes do STF indicaram que a conduta de Moraes visa evitar manobras protelatórias ou tentativas de blindagem entre os envolvidos. O episódio do banheiro, ainda que trivial, mostrou como o controle sobre cada detalhe das oitivas é tratado com rigor.
O Diário Carioca acompanha de perto
O Diário Carioca segue cobrindo todos os desdobramentos dos processos relacionados à tentativa de ruptura institucional promovida por setores bolsonaristas. O caso evidencia não só a gravidade das acusações, como também os esforços do STF para garantir um processo transparente e isento de interferências.
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O Carioca Esclarece:
Réus delatores, como Mauro Cid, são obrigados a acompanhar os depoimentos de outros investigados para garantir contraditório. A ausência pode ser interpretada como descumprimento do acordo de colaboração.
Entenda o Caso
Por que Mauro Cid saiu correndo do banheiro no STF?
Porque o ministro Alexandre de Moraes exigiu sua presença imediata durante o depoimento de Jair Bolsonaro. Cid estava no sanitário e foi chamado de volta às pressas.
Cid era obrigado a estar presente na audiência?
Sim. Como delator, ele deve estar presente em todos os depoimentos relacionados ao processo, conforme determinação do STF.
O que está em jogo nesse processo contra Bolsonaro?
A investigação apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro pode responder por crimes contra o Estado democrático de direito.