Brasília, 10 de junho de 2025 — Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro chamou seus apoiadores mais radicais de “malucos”, numa tentativa clara de se distanciar das pressões por intervenção militar e se blindar juridicamente.
Rejeição do extremismo em plena oitiva
Bolsonaro criticou quem acampou diante de quartéis em 2022, enfrentando chuva e frio, clamando por ações das Forças Armadas. “Malucos. Doido. Biruta”, disse, ao afirmar que os militares “jamais embarcariam nessa”. Foi uma declaração pontual para mostrar que ele não incentivou “absurdos”, apesar de admitir contatos com comandantes.
O esboço do decreto golpista
Durante o interrogatório, Bolsonaro admitiu ter elaborado uma minuta de decreto para deter autoridades, interferir nas eleições e conferir poderes excepcionais ao Exército. Segundo ele, o documento, enviado aos generais Freire Gomes e Baptista Júnior e ao almirante Garnier, não prosperou por falta de clima, não por uma autodefesa moral.
Estratégia de sobrevivência política
O termo “malucos” foi dito no exato momento em que Bolsonaro se colocava como moderado, alegando que evitou um “absurdo”. Para quem acompanha as investigações, isso configura uma tentativa de neutralizar o peso jurídico de sua retórica golpista – e reforçar sua narrativa de “sobrevivente” do papel histórico do “mito”.
Para o Diário Carioca, a movimentação revela a tentativa de Bolsonaro de evitar responsabilização, enquanto ataca a militância mais radical. Analistas apontam que isso pode reforçar sua base, que tende a interpretar o episódio como retaliação judicial — o que, ironicamente, valida a retórica de “perseguição política”.
Golpe, Constituição e articulação ideológica
O equipamento jurídico do golpe, impulsionado por interpretações controversas do art. 142 da Constituição Federal, já foi defendido abertamente por juristas da extrema-direita e clamado em faixas e orações em quartéis. O movimento não só perdeu força com a resistência dos militares, mas também foi rechaçado pelo STF.
Mesmo assim, a fala registrou que Bolsonaro continua envolvido na articulação — ainda que declare ter perdido apoio. “Procurei três comandantes para agir contra as eleições, mas não deu clima”, admitiu, sugerindo que a ideia não era apenas retórica política, mas um plano real.
O Carioca Esclarece
Bolsonaro busca descolar seu nome do protagonismo golpista, mas admite que esteve ativamente envolvido nos ensaios do plano. Chamar militantes de “malucos” pode ser estratégia jurídica – mas não apaga seu discurso anterior.
Entenda o Caso:
Por que Bolsonaro chamou os bolsonaristas de malucos?
Ele tentou se distanciar das ações radicais para amenizar seu risco jurídico, negando envolvimento direto em incitação ao golpe.
O que significa “não tinha clima” para o golpe?
Segundo Bolsonaro, a falta de apoio dos militares foi o que impediu a implantação de medidas autoritárias — não a rejeição ética da ideia.
Isso elimina seu envolvimento no golpe?
Não. Admitir preparo do decreto e contatos com militares reforça sua participação. O STF continua analisando o caso.