Nunes nega despejo de Teatro Contêiner: “Local maior e melhor”. Vídeo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que não vai despejar o Teatro de Contêiner Mugunzá, no centro da capital paulista, mas “adequar para um local maior, melhor e regularizado”. No mês passado, o espaço notificação extrajudicial à Companhia Mungunzá que exigia a desocupação do terreno.

O plano da gestão municipal é transferir o espaço para uma área de 525 m² na rua Conselheiro Furtado. Segundo a prefeitura, o local onde funciona o teatro, no bairro Santa Ifigênia, receberá apartamentos destinados à população de baixa renda e uma área de lazer, que inclui quadra esportiva, brinquedos, gramado e área de descanso.

Nunes fez um vídeo, ao lado dos secretários Edson Aparecido e Totó Parente, do Governo Municipal e da Cultura, respectivamente, para explicar o projeto. “Fica do ladinho do Tribunal de Justiça, da Praça da Sé, numa área central e, inclusive, nessa avenida passa ônibus, e as pessoas que vão até o teatro vão poder ir de ônibus. Onde eles estão hoje, o acesso é ruim”, disse o prefeito.

Nunes afirma ter um abaixo assinado de moradores e comerciantes da região para ter uma área de lazer no endereço atual do teatro e que a gestão dele aportou mais de R$ 2,5 milhões para a companhia. De acordo com a prefeitura, as intervenções devem começar nos próximos dias.

5 imagensSegundo artistas, a ordem extrajudicial foi entregue na manhã dessa quarta (28/5)Prefeitura de São Paulo alega que o espaço será transformado em moradia de população vulnerável Em fevereiro de 2025, Teatro Vento Livre foi demolido pela Prefeitura sob alegação de "uso irregular"Prefeitura de São Paulo entrega ordem para desocupação do espaço do Teatro de Contêiner Mungunzá, na Santa Ifigênia Fechar modal.1 de 5

Espaço na rua Gusmões está sendo utilizado pela Cia. Mungunzá desde 2016

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Segundo artistas, a ordem extrajudicial foi entregue na manhã dessa quarta (28/5)

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Prefeitura de São Paulo alega que o espaço será transformado em moradia de população vulnerável

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Em fevereiro de 2025, Teatro Vento Livre foi demolido pela Prefeitura sob alegação de “uso irregular”

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Prefeitura de São Paulo entrega ordem para desocupação do espaço do Teatro de Contêiner Mungunzá, na Santa Ifigênia

Artistas rechaçam proposta

O Teatro de Contêiner Mungunzá deve apresentar à prefeitura duas propostas de permanência no espaço. No dia 28 de maio, o espaço recebeu uma ordem de despejo com prazo de 15 dias, que foi encerrado na última segunda-feira (9/6).

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Em uma delas, o teatro permanece no espaço atual e é construída uma praça em seu entorno, com playgrounds e quadras. Já a outra proposta inclui um prédio com um vão livre no térreo, possibilitando a permanência do coletivo e a construção de áreas de lazer ao lado do local. O prédio teria seis andares, podendo ser destinado à moradia popular.

Segundo membros da companhia, a proposta de construção de áreas de lazer no espaço é uma reivindicação antiga. Em discussões sobre o assunto, os artistas rechaçaram a proposta de transferência da prefeitura, alegando não haver estrutura para abrigá-los.

Entenda o caso

  • Em 28 de maio, a Prefeitura de São Paulo entregou uma notificação extrajudicial à Companhia Mungunzá, exigindo a desocupação do terreno na Rua dos Gusmões, região da Santa Ifigênia, em até 15 dias.
  • O motivo alegado: transformar o local em um “hub de moradia social”, parte de um programa habitacional para população vulnerável.
  • Ocupado desde 2016, o Teatro de Contêiner foi montado com 11 contêineres e cerca de R$ 250 mil de investimento da própria companhia.
  • O espaço promoveu mais de 4.000 atividades, entre espetáculos gratuitos, oficinas, ações sociais para mulheres vulneráveis, pessoas em situação de rua, trans e refugiados.
  • A Prefeitura de São Paulo afirma que houve várias reuniões com representantes do teatro desde o ano anterior e que convidou os responsáveis para diálogo em 27/28 de maio, mas eles não compareceram.
  • A administração municipal sustenta que o terreno é estratégico para implementar o programa habitacional em atendimento a famílias cadastradas nos serviços sociais.
  • Os artistas afirmam que foram pegos de surpresa e nunca receberam propostas concretas de realocação.
  • Eles argumentam que a ação faz parte de um processo de gentrificação e higienização do centro, já visível após intervenções como a remoção de pessoas da Cracolândia e demolição de outros teatros.
  • O grupo recebeu apoio de mais de 40 teatros e 60 coletivos que assinaram carta contra o despejo.
  • A atriz Fernanda Montenegro publicou apelo público pedindo ao prefeito Ricardo Nunes que reconsidere a decisão, ressaltando a importância sociocultural do teatro.

 

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