Maior mamífero terrestre da América do Sul reaparece em área do Brasil após 100 anos

Maior mamífero terrestre da América do Sul não era visto na região há muito tempo – Foto: Reprodução/ND

Pesquisadores no interior do estado do Rio de Janeiro descobriram recentemente que um animal da espécie anta-sul-americana (Tapirus terrestris) ainda vive em uma área onde estava desaparecida há mais de 100 anos.

O caso foi confirmado por câmeras do INEA (Instituto Estadual do Meio Ambiente), instaladas em uma área remota da Costa Verde, revelando três indivíduos da espécie, incluindo uma fêmea com filhote, caminhando pela Mata Atlântica do Parque Estadual do Cunhambebe (PEC).

Criado em 2008, o parque ocupa 38 mil hectares e abrange os municípios de Angra dos Reis, Itaguaí, Mangaratiba e Rio Claro, sendo um dos refúgios mais importantes da espécie ameaçada no Brasil.

O sumiço do maior mamífero terrestre da América do Sul

A presença da anta na região não era registrada desde 1914, quando foi vista pela última vez no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

Desde então, urbanização acelerada e caça ilegal praticamente eliminaram a espécie da área.

“A anta estava extinta nessa parte da Mata Atlântica”, explicou o biólogo Juan Pablo Juliá, da Reserva Experimental Horco Molle, em entrevista ao jornal La Gaceta. Ele também confirmou que o reencontro aconteceu em fevereiro.

Maior mamífero terrestre da América do Sul reapareceu no Rio de Janeiro – Foto: Reprodução/ND

A Mata Atlântica é considerada um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do planeta. Estende-se ao longo da costa leste do Brasil e também ocupa partes da Argentina e do Paraguai.

“Mais de 90% de sua cobertura original já foi destruída ou está gravemente degradada”, alertou Juliá, destacando a importância de redescobertas como essa.

Reintrodução planejada

O reaparecimento desses animais não foi um acaso total. Há mais de uma década, o Parque Estadual do Cunhambebe abriga um projeto de reintrodução da espécie, buscando restabelecer populações de anta em áreas onde ela havia desaparecido.

O sucesso recente fortalece a relevância desses esforços e traz esperança para outras iniciativas semelhantes.

Maior mamífero terrestre da América do Sul pode pesar até 300 kg – Foto: Reprodução/ND

“As três antas registradas fazem parte desse projeto de reintrodução, que vem sendo desenvolvido com muito cuidado”, destacou Juliá.

O papel da anta no ecossistema

Com até 2,5 metros de comprimento e pesando cerca de 300 kg, a anta-sul-americana é o maior mamífero terrestre da América do Sul.

Apesar do porte, é um animal pacífico e crucial para a manutenção das florestas: ao se alimentar de frutos e se deslocar por grandes áreas, a anta atua como dispersora de sementes, ajudando na regeneração natural da vegetação. Por isso, é chamada de “jardineira da floresta”.

Além disso, ela pertence à mesma ordem de mamíferos que rinocerontes e zebras (os perissodáctilos), embora viva exclusivamente em regiões tropicais da América do Sul.

Situação do maior mamífero terrestre da América do Sul

A espécie é classificada como “Vulnerável” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), principalmente por causa da destruição de habitat e da caça.

Em países como a Argentina, a situação é ainda mais crítica, com risco de a anta passar à categoria de “Em Perigo de Extinção” se o declínio populacional continuar.

“Essa descoberta reforça a importância das áreas protegidas e da conservação ativa para a recuperação de espécies emblemáticas”, afirmou um porta-voz do INEA.