Ex-ministro de Bolsonaro é preso

RECIFE, 13 de junho de 2025 — A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, acusado de tentar facilitar a fuga do tenente-coronel Mauro Cid com um passaporte português falsamente emitido. A tentativa, feita no Consulado de Portugal em Recife, é parte de um enredo cada vez mais explícito de obstrução da Justiça por parte de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A prisão foi confirmada pela PF ao blog da jornalista Andréia Sadi, do G1, e está diretamente relacionada a um pedido enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana. O órgão pediu também busca e apreensão, além da quebra dos sigilos telefônico e de mensagens de Machado, ampliando a ofensiva judicial contra o núcleo duro do bolsonarismo.

Segundo informações da CNN Brasil, Gilson Machado compareceu pessoalmente ao consulado no dia 12 de maio, tentando obter um passaporte europeu em nome de Mauro Cid, que está no centro de investigações que vão de fraudes em cartões de vacinação a articulações golpistas. A movimentação ocorreu dias antes do pedido oficial de investigação da PGR, o que indica ação coordenada para antecipar possíveis prisões ou colaborações premiadas.

Mas a história não para aí.

Gilson, além de cúmplice de fuga, liderou recentemente uma nova campanha de arrecadação de dinheiro em favor de Bolsonaro, publicada abertamente em suas redes sociais. A justificativa? Custear despesas médicas, advocatícias e enviar dinheiro ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se encontra nos Estados Unidos após abandonar o cargo.

A campanha é uma reedição da famosa “vaquinha do Pix” de 2023, que arrecadou mais de R$ 17 milhões, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Desta vez, porém, os indícios de irregularidades e lavagem de dinheiro são ainda mais graves. Eduardo chegou a gravar um vídeo agradecendo o gesto, mas depois recuou e declarou não ter aceitado a quantia — o que não livra os envolvidos da investigação.

Fontes próximas à PF afirmam que o caso será incluído no inquérito que apura uma possível organização criminosa montada para proteger Bolsonaro e sua família de responsabilizações legais. “Há um padrão de condutas de proteção, que vai desde as campanhas de doação até tentativas de evasão internacional de investigados”, disse um agente que atua no caso.

A prisão de Gilson Machado é mais uma peça no tabuleiro da ofensiva judicial que, em 2025, se intensifica sobre o bolsonarismo. Depois da prisão de Valdemar Costa Neto, da condenação do general Braga Netto por ataques às urnas, e da delação cada vez mais ampla de Mauro Cid, o cerco parece fechar.

No Diário Carioca, já noticiamos o avanço dessas investigações em matérias anteriores, como no caso da “vaquinha bolsonarista” e no racha entre Weintraub e Bolsonaro, revelando o desgaste interno da extrema-direita.

Enquanto isso, nas redes, bolsonaristas ensaiam versões alternativas da realidade, dizendo que a prisão de Gilson seria “perseguição política”. Mas os dados, documentos e vídeos contradizem essa narrativa.

O Carioca Esclarece
Gilson Machado foi ministro do Turismo de Bolsonaro, sanfoneiro improvisado de lives presidenciais e figura central no bolsonarismo raiz. A prisão não é apenas simbólica — revela a deterioração acelerada da blindagem política do clã Bolsonaro.


Adicionar aos favoritos o Link permanente.