Dólar fica estável, mas Bolsa afunda com conflito no Oriente Médio

Os mercados globais de câmbio e ações foram fortemente atingidos nesta sexta-feira (13/6) pela instabilidade geopolítica, decorrente dos ataques de Israel contra o Irã. No Brasil, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,01% frente ao real, cotado a R$ 5,54 – o que, na prática, representa estabilidade da moeda. Já o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), caiu 0,43%, aos 137.212 pontos.

O reflexo imediato da nova crise no Oriente Médio deu-se na cotação do petróleo. Ela disparou no mercado mundial, com valorizações que chegaram a 10% ao longo do dia. O barril do tipo Brent (referência internacional) fechou em alta de 8,28%, a US$ 75,10. Mas ele chegou a ser negociado a US$ 78,50, o maior valor desde 27 de janeiro. O barril do tipo WTI (referência nos EUA) saltou 8,69%, a US$ 73,95, depois de ter atingido a máxima de US$ 77,62, o preço mais alto desde 21 de janeiro.

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Em cenários instáveis, cresce a aversão a ativos de risco. O resultado prático dessa tendência foi uma queda generalizada das bolsas internacionais. Tal quadro prevaleceu na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Por volta das 16h30, por exemplo, os principais índices de Nova York recuavam em uníssono. O tombo era de 1,24%, no S&P 500; de 1,96%, no Dow Jones; e de 1,37%, no Nasdaq, que concentra ações de empresas de tecnologia.

Em contrapartida, ativos considerados seguros, que funcionam como refúgios em períodos de instabilidade, valorizam-se. Esse foi o caso do ouro. Ele registrou alta nesta sexta-feira. Os contratos futuros do metal com vencimento em agosto subiram 1,5%, cotados a US$ 3.452,8 por onça-troy, valor próximo à máxima histórica, de US$ 3.500,10 por onça-troy, registrada em abril.

Índice do medo

Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, observa que, em Wall Street, o índice de volatilidade VIX, o chamado “índice do medo”, “chegou a saltar mais de 20%, indicando forte aversão ao risco por parte dos investidores”. “Além disso, fica claro que os mercados reagem à disparada inicial do petróleo, que chegou a subir mais de 10%  em meio a temores de que o conflito afete o fornecimento global da commodity”, diz Iarussi. “Ainda que os preços tenham amenizado depois de relatos de que os ataques não atingiram campos petrolíferos, a volatilidade persiste.”

No B3, acrescenta o especialista, entre as maiores altas do Ibovespa, os destaques positivos ficaram com a Suzano e a Petrobras. “A Suzano subiu depois que o banco Goldman Sachs recomendou a compra e elevou o preço-alvo das ações, citando que os papéis estão baratos e podem se beneficiar da alta no preço da celulose”, afirma. “Já a Petrobras acompanha a forte valorização do petróleo, em meio às tensões entre Israel e Irã. A alta da commodity também alimenta a expectativa de que a empresa possa pagar dividendos extras.”

Quedas

Iarussi acrescenta que, entre as quedas, figuraram as empresas ligadas ao consumo e à curva de juros. “Também se destacam os frigoríficos, como a Minerva, que chegou a cair mais de 3%”, diz. “O motivo é a decisão da China de permitir a importação de carne de empresas americanas, o que aumenta a concorrência no setor. A Minerva é a mais afetada por não ter plantas nos Estados Unidos.”

Para Alexandro Nishimura, economista da Nomos, a intensificação do conflito no Oriente Médio aumenta o risco de uma contaminação inflacionária global. “E, no cenário doméstico, o ambiente fiscal permanece frágil”, afirma. “Isso mesmo com a nova MP (medida provisória) que substitui o aumento do IOF, o governo enfrenta resistência no Congresso e desgaste político crescente, refletido nas pesquisas de opinião.”

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