Por que o mundo visual redescobriu o maravilhoso
No meio de tanta praticidade, produtividade e minimalismo funcional, uma estética inesperada vem ganhando força: o encantamento. Em vez de focar na eficiência, muitos projetos de design, ilustração, moda e ambientes digitais têm apostado na fantasia, no surreal, no lúdico — e até no que beira o absurdo — como forma de gerar conexão emocional, fascínio e memória duradoura.
Essa tendência pode parecer um retorno à infância, mas, na verdade, ela aponta para uma resposta emocional madura a tempos cada vez mais mecanizados. Em meio ao excesso de informação e racionalidade, a magia — mesmo simbólica — representa uma fuga, um respiro e um convite ao imaginário. Não se trata apenas de estética: é uma escolha de linguagem que devolve a possibilidade do espanto ao cotidiano visual.
Elementos do maravilhoso: do detalhe ao universo inteiro
A nova estética encantada se manifesta em diferentes níveis. Pode estar num detalhe de uma embalagem, numa interface com microanimações que imitam fadas, num cenário com perspectiva distorcida ou em personagens que desafiam as leis da física. Formas arredondadas, cores translúcidas, tipografias dançantes e texturas que lembram cristais, nuvens ou estrelas compõem um vocabulário visual que mistura nostalgia, ficção e desejo de maravilhamento.
É um estilo visual que não segue regras rígidas. Ele mistura referências de contos de fadas, cultura pop dos anos 90, literatura fantástica, surrealismo gráfico e arte digital contemporânea. Essa mistura gera uma atmosfera onde tudo parece possível — o que, paradoxalmente, exige ainda mais precisão e coerência para que o resultado funcione.
Plataformas como https://adventuresbeyondwonderlan.com.br/ exemplificam bem esse tipo de linguagem, ao apostar em uma ambientação visual inspirada em mundos oníricos, elementos flutuantes e efeitos que remetem ao fantástico. O projeto traduz graficamente a sensação de estar dentro de um conto visual, onde o usuário é conduzido não por comandos racionais, mas por estímulos de encantamento visual.
O retorno do sensorial em um mundo saturado
Parte do sucesso dessa estética também se deve à saturação sensorial causada por anos de interfaces planas, tons neutros e tipografias sans-serif repetidas até o esgotamento. O visual encantado traz textura, profundidade e sensações quase táteis que rompem com o excesso de funcionalidade. Ele não quer apenas informar ou converter — quer tocar.
Isso se traduz, por exemplo, em projetos de identidade visual com elementos animados que mudam sutilmente conforme o horário do dia, em sites com navegação não linear (onde o percurso importa tanto quanto o destino), e em embalagens que estimulam a curiosidade antes mesmo da abertura.
Criatividade como encantamento consciente
A escolha por essa linguagem também fala sobre o papel do design como criação de atmosfera. A criatividade, aqui, deixa de ser apenas solução de problema e volta a ser invenção de mundo. O objetivo não é apenas comunicar, mas envolver — seja numa campanha publicitária, num editorial de moda ou num projeto de motion design.
E isso não se limita ao universo infantil. Marcas de luxo, instituições culturais e startups têm adotado esse estilo para criar vínculos emocionais com públicos diversos. O segredo está na forma como os elementos mágicos são integrados com sofisticação e coesão, sem cair no caricato ou no pastiche.
O futuro visual entre o real e o irreal
Num mundo cada vez mais dominado pela racionalidade dos algoritmos e pela previsibilidade das tendências, o encantamento surge como um ato criativo de resistência. Ao devolver ao design sua capacidade de emocionar, surpreender e provocar imaginação, essa estética reafirma o papel do visual como ponte entre o que é e o que poderia ser.
Mais do que uma moda estética, o maravilhoso gráfico é um convite — a sonhar acordado, a explorar o que está além da lógica e a aceitar que, às vezes, o mais eficiente não é o mais memorável. E, em tempos de excesso de realidade, permitir-se um pouco de fantasia pode ser um gesto profundamente necessário.
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