Sobrevivente de bomba atômica faz 100 anos e ganha homenagem em escola

São Paulo – No próximo sábado (2/3), um dos sobreviventes da bomba atômica que atingiu a cidade Hiroshima, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial completará 100 anos de idade. Hoje morador de São Paulo, Takashi Morita passou boa parte dos últimos anos fazendo palestras contra as armas nucleares e, nesta sexta-feira (1º/3), será homenageado na escola que leva seu nome, a Etec Takashi Morita, na zona sul da cidade.

Estudantes e professores da escola técnica estadual preparam uma série de atividades para celebrar a data. A cerimônia começará às 9h e contará com apresentações de teatro, dança, Taikô e sarau. Além de Morita, também são esperados no evento o Cônsul-Geral do Japão, Shimizu Toru, parlamentares e outros dois sobreviventes da bomba atômica que vivem no Brasil.


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Um dos organizadores do evento, o professor de história André Lopes Loula afirma que a homenagem é uma forma de preservar a memória sobre os impactos causados pela bomba e também de transmitir uma mensagem de paz.

“É importante a preservação do legado do que o senhor Morita transmite, que é de um mundo de paz. Nós estamos presenciando agora duas guerras, de Israel contra o Hamas e da Rússia contra a Ucrânia, então o perigo das bombas atômicas sempre está iminente”, afirma ele.

O professor conta que muitos alunos chegam à escola sem saber a história da Segunda Guerra Mundial e se surpreendem ao conhecer a trajetória do patrono do colégio.

Takashi Morita estava com 21 anos e tinha acabado de voltar para Hiroshima, sua cidade natal, quando foi atingido pela bomba atômica enviada pelos americanos em agosto de 1945.

Após sobreviver ao episódio, o então policial militar decidiu que precisava lutar para que a cena não voltasse a se repetir.

“Ele entendeu que tinha um tipo de missão e falava ‘eu tenho que falar o que eu passei para que jamais tenha outra bomba dessas explodindo pelo mundo’”, afirma Yasuko Saito, filha de Morita.

Anos mais tarde, quando veio morar no Brasil, Morita criou uma associação dos sobreviventes da bomba atômica. Com a instituição, ele conseguiu que o governo japonês pagasse pelos cuidados médicos de sobreviventes que estavam no Brasil.

Foi também por meio da associação que ele passou a organizar palestras e eventos para contar os horrores causados pela bomba atômica em sua cidade natal.

Em 2011, o pacifista se tornou o patrono da escola técnica localizada em Santo Amaro, na zona sul da cidade, e passou a visitar os alunos uma vez por ano para narrar a história do dia em que viu “uma chuva preta cair do céu”. O fenômeno, disse ele, foi um dos efeitos da radiação da bomba.

Yasuko diz que o pai, agora mais debilitado pela idade, fica triste com as guerras atuais do mundo. “Ele fala que a gente deveria ter falado muito mais [sobre o horror da guerra]”, afirma.

Neste aniversário de 100 anos, a família quer deixar um único recado para quem conhecer a história de Morita: o de que o mundo precisa de paz.

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