A prisão de Luiz Alberto Santos de Moura, o “Bob do Caju”, realizada nesta segunda-feira (16/6), representa mais do que a queda de um traficante foragido, expõe a estrutura de um dos braços mais lucrativos e organizados da facção Terceiro Comando Puro (TCP) na cidade do Rio de Janeiro.
Com 41 anos e mais de 20 anotações criminais, Bob era considerado a principal liderança da facção no Complexo do Caju, na Zona Portuária, e articulava crimes que iam muito além do tráfico de drogas.
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A operação foi conduzida por policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), com apoio da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), no âmbito da segunda fase da Operação Torniquete.
Bob foi localizado e preso no Parque Alegria, reduto dominado pela facção, sem oferecer resistência. Ele estava em liberdade há pouco mais de um ano, após passar quase sete anos preso. Ao todo, acumula 49 anos em penas por crimes como homicídio, tráfico, roubo majorado, organização criminosa e associação para o tráfico.
Roubo de cargas milionárias
Segundo as investigações, Bob era responsável por um esquema altamente lucrativo de roubos de cargas que saíam da Zona Portuária do Rio. A atuação envolvia o monitoramento dos caminhões que deixavam a região com mercadorias valiosas.
Quando identificados os alvos, os comparsas da facção interceptavam os veículos, rendiam os motoristas e levavam o carregamento para o Complexo do Caju ou para comunidades da Maré, também sob domínio do TCP.
A investigação revelou ainda a existência de um “consórcio” criminoso entre essas comunidades, em que Bob centralizava decisões: definia quais veículos seriam atacados, para onde as cargas seriam destinadas e como o lucro seria dividido entre os envolvidos.
Tráfico, guerra e influência
Além da atuação no roubo de cargas, Bob também tinha forte influência no tráfico de drogas da região. Seu nome aparece como um dos articuladores da guerra territorial na Rocinha em 2017, que deixou mortos, feridos e paralisou a rotina de milhares de moradores durante semanas.
A Operação Torniquete, que já resultou em mais de 535 prisões desde setembro de 2024, também bloqueou mais de R$ 70 milhões em bens e valores ligados às quadrilhas, e recuperou cargas e veículos avaliados em cerca de R$ 38 milhões.