A escolha da cronologia para investigar a trajetória política de Manoel José de Souza entre 1958 e 1992 ocorreu em meio ao período de democratização popular, divergências entre partidos políticos, instabilidade política com o golpe militar e certo crescimento econômico do Brasil e da Bahia, ocorrendo neste Estado aquele crescimento através da “modernização conservadora”. Em sincronia a esse momento de mais de três décadas, Manoel José de Souza, apelidado por Nonô, conseguiu ser eleito vereador por Varzedo, então distrito do município de Santo Antônio de Jesus, consecutivamente entre 1958 e 1988, estando filiado a partidos políticos (PSD, UDN, ARENA, PDS, PFL, PMDB e PFL) alçados ao poder estadual.
Ao ser criado como município em 1989, após processo emancipatório que durou de 1985 a 1989, Varzedo teve neste último ano sua primeira eleição para prefeito e vereadores, sendo Nonô vitorioso àquele cargo executivo, governando a localidade até 17 de maio de 1992, dia em que foi assassinado.
Portanto, demarcar a extensão temporal de 1958 a 1992 tem como fim compreender a ascensão, capilarização e a manutenção do seu poder político a partir de suas ligações com lideranças políticas de Varzedo/Santo Antônio de Jesus e da Bahia, assim como a capilarização e manutenção daquele seu poder
sobre a população local a partir de ações pragmático-políticas denominadas de “clientelismo de parede-e-meia”, prática de poder exercida através de conselhos, 1Bolsista da CAPES.
Revista de História da UFBA, ISSN: 1984-6894. Salvador, v.11 n.1, 2024.
1 idas às casas de conhecidos, assistencialismo e mandonismo, tudo isso com base em documentos escritos, orais e imagéticos.
Abaixo, trecho da Introdução do livro:
O estudo da vida de uma liderança política é uma tarefa que estimula a curiosidade por detalhes pouco conhecidos. Partindo disso que envereda o que se refere a trajetória política de Manoel José de Souza, conhecido por Nonô, na localidade de Varzedo, Recôncavo baiano, entre 1958 e 1992, isto é, do ano
em que ele inicia como vereador, representando a vila de Varzedo na câmara municipal de Santo Antônio de Jesus, até o ano em que ele termina abruptamente como prefeito do município de Varzedo, após ser assassinado a mando de Luís Carlos farias Mesquita, seu então vice-prefeito.
As práticas políticas dele a frente daqueles dois cargos públicos municipais já seriam relevantes fontes para investigações historiográficas, tornando mais relevantes quando problematizadas de quais ações políticas Nonô usou para chegar à vereança e se manter nela por três decênios, galgando o cargo de chefe do executivo municipal no início de 1990. Isto tudo sabendo da sua origem menos aquinhoada, afrodescendente e sem tradição familiar política no lugar e na região.
Nonô foi sedimentando suas práticas de poder no decorrer dos anos a partir de atitudes assistencialistas e favoritistas, fortalecendo seu mandonismo com ações populistas assaz pragmáticas e identitárias ao local e ao plano regional, fazendo com que seu personalismo alçasse predileção perante a população, principalmente a mais pobre, a partir da proximidade na vida e na casa das pessoas.
Seus contatos foram próximos com lideranças regionais e estaduais político partidárias que ocupavam cargos, por vezes independentes da agremiação partidária.
Revista de História da UFBA, ISSN: 1984-6894. Salvador, v.11 n.1, 2024.
A Revista foi escrita pelo historiador Jorge Amorim, Doutorando PPGH-UFBA.
Veja o conteúdo completo na Revista de História que conta o processo de emancipação de Varzedo, feita pelo historiador Jorge Amorim.
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