Gilson Machado, que foi ministro do Turismo durante a gestão de Jair Bolsonaro, recebeu, na sexta-feira (13), alvará de soltura. O anúncio foi comemorado pelo filho do ex-ministro, Gilson Machado Filho. “Recebo com alívio a notícia da soltura do meu pai. A decisão do ministro Alexandre de Moraes, autorizada a pedido da Procuradoria-Geral da República, é uma resposta àqueles que sempre acreditaram na sua honestidade, na sua história e na sua vida dedicada ao nosso país”, disse a nota. Machado deixou o presídio em Abreu e Lima (PE), no final da noite da última sexta-feira, disse se tratar de “mal-entendido” e ressaltou que “a revogação da prisão foi feita pela mesma pessoa que decretou, que foi o ministro Alexandre de Moraes”.
“Agradeço a todos que oraram, enviaram mensagem de apoio e não se calaram diante de tamanha injustiça. Meu pai é um homem íntegro, trabalhador, que jamais se escondeu ou temeu prestar contas de seus atos”, acrescentou. O ex-ministro tinha sido detido pela manhã pela Polícia Federal (PF) na cidade do Recife. A operação também se estendeu a Brasília, onde o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, se tornou alvo de investigações.
O órgão vê indícios de obstrução de Justiça e participação em organização criminosa. Segundo a PF, Machado teria procurado o consulado de Portugal no Recife no dia 12 de maio. Embora o documento não tenha sido emitido, a tentativa levantou suspeitas de interferência nas investigações sobre as articulações supostamente golpistas após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022. Além da alegada tentativa de obtenção do passaporte, a PF também apura uma campanha de arrecadação de fundos em nome do ex-presidente, promovida nas redes sociais de Gilson, o que reforçou o interesse dos investigadores sobre suas atividades.
Ao chegar ao Instituto de Medicina Legal para exame de corpo de delito, Machado negou qualquer envolvimento em crimes. “Não cometi crime algum. Não matei, não roubei, não trafiquei drogas. O que fiz foi apenas pedir informações sobre a renovação do passaporte do meu pai, um senhor de 85 anos”, afirmou. Ele também negou ter ido pessoalmente a consulados ou embaixadas.
Candidatura ao Senado
Nas redes sociais, o filho do ex-ministro, Gilson Machado Filho, afirmou que a família está “profundamente triste” e denunciou o que classificou como uma “prisão sem motivo”. Em tom político, anunciou que irá se engajar na campanha do pai ao Senado em 2026. “Vou lutar com todas as minhas forças para te eleger senador da República. Tenho certeza de que o povo de Pernambuco fará o mesmo. Estamos cansados dessa perseguição”.
Gilson Machado é um nome conhecido no bolsonarismo em Pernambuco. Veterinário e sanfoneiro, presidiu a Embratur, integrou as tradicionais “lives” do ex-presidente Jair Bolsonaro e disputou o Senado em 2022 e a Prefeitura do Recife em 2024, sem sucesso. Nas redes sociais, se define como cristão conservador e fiel ao ex-presidente, a quem chama de mentor político. A candidatura ao Senado em 2026 já era cogitada por aliados, mas a prisão muda o cenário e pode mobilizar a base bolsonarista em Pernambuco.
Fonte: Jovem Pan