Caso Porsche: após 22 dias, PM entrega imagens de câmeras corporais

São Paulo — A Polícia Militar entregou à Polícia Civil, nessa segunda-feira (22/4), as imagens captadas pelas câmeras corporais dos PMs que atenderam o acidente de trânsito com morte envolvendo um Porsche, na zona leste de São Paulo, no dia 31 de março. O motorista que provocou o acidente, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, deixou o local com a mãe e só se apresentou na delegacia mais de 36 horas depois.


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A entrega acontece dias depois de a Polícia Civil ter ido à Justiça solicitar formalmente as imagens. Na semana passada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que elas seriam compartilhadas, “como de costume”, para análise. A pasta não esclareceu, contudo, a razão da demora na liberação dos vídeos — foram 22 dias entre o acidente e a disponibilização do material.

As imagens devem ajudar a equipe de investigação a entender as circunstâncias em que Fernando Filho deixou o local do acidente. Os policiais deixaram de fazer o teste de bafômetro no empresário e não o autuaram em flagrante. Mesmo com uma morte registrada, os agentes só apresentaram a ocorrência na delegacia cerca de 5 horas após o acidente.

A mãe do empresário, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos, disse que ia levá-lo ao hospital — o que não aconteceu. A conduta dos PMs que liberaram a saída de Fernando é investigada pela corporação. A Polícia Civil também investiga a situação, a pedido da Justiça.

Como foi o acidente

Segundo testemunhas, Fernando Filho dirigia o Porsche, avaliado em mais de R$ 1 milhão, em altíssima velocidade quando bateu na traseira do Renault Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos. Ornaldo foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Além do motorista de aplicativo que morreu, o estudante Marcus Vinicius Machado Rocha, de 22 anos, que estava de carona no Porsche, sofreu ferimentos graves e precisou passar por cirurgia. À polícia, ele disse que Fernando Filho havia ingerido bebida alcóolica antes, contrariando o depoimento do dono do Porsche.

O empresário admitiu que dirigia “um pouco acima” da velocidade permitida, que é de até 50 km/h, e negou ter ingerido bebida alcoólica – versão que é contestada por vídeos e relatos de testemunhas colhidos pelos investigadores.

A Justiça negou dois pedidos de prisão contra o empresário, mas impôs fiança de R$ 500 mil e suspendeu sua CNH. Ele e a mãe também tiveram que entregar seus celulares à polícia. A quebra do sigilo de dados foi autorizada.

Na ocasião do acidente, a defesa de Fernando Filho afirmou que entrou em contato com a família da vítima para prestar solidariedade e toda a “assistência necessária”. “Obviamente, a perda não será reparada, mas minimamente prestaremos amparo necessário neste momento de tal fatalidade”, diz nota dos advogados.

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