Secar a estratosfera pode reduzir as temperaturas no planeta

O mundo está ficando mais quente em consequência do aquecimento global. Uma das saídas é reduzir a liberação dos gases do efeito estufa, como dióxido de carbono, mas seria possível baixar as temperaturas de outra forma? Em busca dessa resposta, pesquisadores propõem a Desidratação Estratosférica Intencional (ISD). De forma simples, a proposta é secar a estratosfera. 

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A ideia de secar parte do vapor d’água da estratosfera — a camada atmosférica com a base situada a 10 km de altitude da superfície e o seu topo está a 50 km, em média — é mais uma controversa estratégia de geoengenharia, como a que propõe criar um “manto” para cobrir a Terra e refletir a radiação solar, resfriando o planeta. Ambas despertam bastante ceticismo.

Todo o conceito ainda não está pronto para a implementação, mas os detalhes da ISD foram descritos em artigo publicado na revista Science Advances. A pesquisa foi liderada por cientistas do Laboratório de Ciências Químicas (CSL) da NOAA, nos EUA.


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Por que remover o vapor d’água?

O gás carbônico é o maior motor das mudanças climáticas e da intensificação do efeito estufa, mas o vapor d’água encontrado na estratosfera é muito mais abundante. Ele é responsável por quase metade do efeito estufa natural da Terra.

Se for possível remover uma parte dessa água em estado gasoso, desidratando a camada repleta de gases, a ideia é que o efeito estufa, conhecido por aquecer o planeta, seja reduzido. 

Como secar a estratosfera?

Apesar da desidratação final, toda a estratégia de ação depende do congelamento. “O vapor de água puro [na estratosfera] não forma cristais de gelo facilmente”, explica Joshua Schwarz, físico da NOAA e o principal autor do estudo, em nota. Então, é preciso induzir esse processo.

Para reduzir os efeitos do Aquecimento Global, cientistas estudam secar e desidratar a estratosfera (Imagem: Unsplash/Taylor Van Riper)

A missão pode ser feita através de injeções direcionadas de pequenas partículas de núcleos de gelo, enviadas por aeronaves de alta altitude. Isso contribuiria para a formação de blocos de gelo. Assim, o que era vapor vai se condensar e cair, desidratando parcialmente a atmosfera e diminuindo a concentração dos gases do efeito estufa.

Simulando os efeitos práticos

Para testar os conceitos, foi usado um modelo computacional que simula as condições da estratosfera. Por enquanto, os resultados que podem ser obtidos com a atual tecnologia são muito baixos.

Após injetar as partículas que estimulam o congelamento, isso implicaria em uma redução no forçamento radiativo de ~0,03 W/m 2. O resultado é um setenta avos (1/70) do aquecimento causado pelas emissões de gás carbônico feitas pelo homem desde 1750 no planeta (2,2 W/m 2).

“É um efeito muito pequeno”, resume o cientista Schwarz. A conclusão demonstra que, de forma isolada, a Desidratação Estratosférica Intencional não vai resolver o problema do planeta. No entanto, pode contribuir, de forma coletiva, com outras estratégias de geoengenharia.

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