Exercícios físicos na adolescência podem gerar impactos duradouros na saúde adulta

 

Um recente levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que quatro em cada cinco adolescentes ao redor do mundo são sedentários. Conforme a pesquisa, 81% dos jovens com idade entre 11 e 17 anos e matriculados em escolas não atenderam à recomendação de uma hora diária de atividade física em 2016, apresentando uma ligeira redução em relação a 2001 (82,5%).

A situação é ainda mais preocupante entre as meninas, onde 85% delas são sedentárias, comparadas a 78% dos meninos. Diante desse cenário marcado pelo aumento alarmante do sedentarismo entre os jovens, surge uma questão crucial: a prática de atividade física na adolescência pode influenciar a qualidade de vida na idade adulta?

A professora dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Psicologia e Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Nara Michelle Moura Soares, esclarece. “A prática regular de atividade física, ou seja, o exercício físico na adolescência, pode ter um impacto positivo nos níveis de colesterol durante a vida adulta. A literatura destaca que indivíduos que se exercitam regularmente na adolescência tendem a apresentar níveis mais saudáveis de colesterol quando adultos, pois o exercício contribui para aumentar os níveis do ‘bom’ colesterol (HDL) e reduzir os níveis do ‘mau’ colesterol (LDL), promovendo, assim, a saúde cardiovascular a longo prazo”, destaca.

Benefícios a longo prazo

Além da redução do colesterol, a prática de atividade física na adolescência pode ter efeitos benéficos na qualidade de vida durante a idade adulta, influenciando positivamente a saúde cardiovascular, o controle do peso corporal, a saúde mental, o desenvolvimento ósseo, a socialização e a formação de hábitos saudáveis.

“No que diz respeito à saúde cardiovascular, a prática regular de atividade física na adolescência favorece a saúde do coração, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares na fase adulta. No controle de peso, pode contribuir para prevenir a obesidade e suas complicações na idade adulta. Na saúde mental, o exercício na adolescência está associado a melhorias na saúde mental, reduzindo o estresse, ansiedade e sintomas depressivos”, lista a professora.

Segundo Nara, a prática de atividade física na adolescência promove um desenvolvimento ósseo saudável, ajudando a prevenir a osteoporose e outras doenças ósseas na idade adulta. “Adolescentes que se exercitam regularmente têm maior probabilidade de manter hábitos saudáveis ao longo da vida, incluindo alimentação equilibrada e sono adequado. Consequentemente, a participação em atividades físicas durante a adolescência pode promover habilidades sociais, autoconfiança e senso de pertencimento, fatores que contribuem para uma melhor qualidade de vida na idade adulta”, destaca.

Recomendações

Para colher esses benefícios, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) recomendam que adolescentes realizem pelo menos 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa por dia. “Isso pode incluir atividades aeróbicas, como corrida, natação, ciclismo, além de exercícios que fortaleçam os músculos e ossos, como flexões, abdominais e levantamento de pesos. A intensidade da atividade física pode variar de moderada a vigorosa. Atividades moderadas incluem aquelas que aumentam a frequência cardíaca e a respiração, como caminhada rápida, andar de bicicleta em terreno plano e dança. Atividades vigorosas incluem aquelas que exigem um esforço maior, como corrida, natação rápida e esportes competitivos”, recomenda a professora.

A docente também destaca a importância de os adolescentes encontrarem atividades físicas que apreciem e que sejam seguras para sua idade e habilidades. Além disso, evitar longos períodos de inatividade, limitando o tempo dedicado a atividades sedentárias, como assistir TV e jogar videogame, é uma recomendação válida. Adotar essas diretrizes de atividade física na adolescência pode contribuir significativamente para a saúde e o bem-estar ao longo da vida adulta.

“No contexto da prevenção de doenças cardiovasculares, a atividade física regular na adolescência ajuda a melhorar a saúde cardiovascular, reduzindo fatores de risco como pressão arterial elevada, colesterol LDL elevado, excesso de peso e obesidade. Além disso, promove a saúde do coração e dos vasos sanguíneos, o que pode reduzir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como hipertensão, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral (AVC) na idade adulta”, reforça.

Saúde mental e atividade física

Na promoção da saúde mental, a prática regular de atividade física auxilia na redução dos sintomas de ansiedade e depressão, melhora a autoestima e promove um sono mais saudável. Isso ocorre porque a atividade física libera endorfinas, neurotransmissores que ajudam a aliviar o estresse e aprimorar o humor.

“No desenvolvimento cognitivo, estudos indicam que o exercício pode aprimorar a concentração, a memória e a capacidade de aprendizado, contribuindo para um melhor desempenho acadêmico e habilidades cognitivas ao longo da vida. Além disso, auxilia na redução do risco de diabetes tipo dois na idade adulta, aumentando a sensibilidade à insulina e contribuindo para o controle dos níveis de açúcar no sangue”, relata.

Existem também várias orientações que pais, educadores e profissionais de saúde podem seguir para incentivar os adolescentes a adotarem um estilo de vida mais ativo, de acordo com Nara Michelle, tais como:

  • Dê o exemplo: Os adultos devem servir como modelos de um estilo de vida ativo. “Quando os adolescentes observam seus pais, professores e profissionais de saúde praticando atividade física regularmente, eles têm maior probabilidade de seguir o exemplo”, destaca.
  • Ofereça opções variadas de exercício: Auxilie os adolescentes a descobrir atividades físicas que despertem seu interesse e que se adequem às suas habilidades e preferências. “Isso pode incluir esportes em equipe, dança, artes marciais, caminhadas, ciclismo, entre outros”, orienta.
  • Faça atividades em família: Planeje atividades físicas em família, como caminhadas, passeios de bicicleta, jogos de tabuleiro ativos ou esportes recreativos. “Isso não apenas estimula a atividade física, mas também fortalece os laços familiares”, sugere.
  • Ofereça apoio e incentivo: Reconheça e elogie os esforços dos adolescentes em serem ativos. “Proporcione apoio emocional e incentive-os a continuar mesmo diante de desafios”, aconselha.
  • Eduque sobre os benefícios: Explique aos adolescentes os benefícios físicos, mentais e emocionais da atividade física, destacando como ela pode aprimorar sua saúde geral e qualidade de vida.
  • Promova um ambiente ativo: Crie um ambiente em casa e na escola que estimule a atividade física, como disponibilizar equipamentos esportivos, promover competições amigáveis e incorporar atividades físicas em eventos escolares.

A conscientização sobre a importância da atividade física na adolescência pode contribuir significativamente para combater o sedentarismo entre os jovens por meio da educação nas escolas. A introdução de programas educacionais sobre os benefícios da atividade física desde cedo nas escolas pode ajudar os jovens a compreender a importância de manterem-se ativos. “Isso pode incluir aulas de educação física, palestras sobre saúde e bem-estar, e atividades extracurriculares relacionadas ao esporte e à atividade física”, destaca.

O envolvimento dos pais e cuidadores também desempenha um papel fundamental na promoção da atividade física entre os jovens. Educar os pais sobre a importância de incentivar seus filhos a serem ativos e fornecer recursos e apoio para que isso aconteça pode ser uma estratégia eficaz.

“A criação de ambientes propícios que facilitem a prática de atividade física para os jovens é essencial. Isso pode envolver a disponibilização de espaços públicos para a prática de esportes e atividades físicas, a implementação de políticas escolares que promovam a atividade física e a colaboração com organizações comunitárias para oferecer programas de atividades físicas acessíveis e inclusivas. Incentivos e reconhecimento dos esforços dos jovens em serem ativos podem motivá-los a continuar participando de atividades físicas. Isso pode incluir prêmios, certificados de reconhecimento e eventos especiais para celebrar as conquistas relacionadas à atividade física”, conclui.

Fonte: Asscom Unit

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