São Paulo – A promotora Monique Ratton, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirma que o empresário Fernando Sastre Filho, de 24 anos, que é acusado de dirigir embriagado o seu Porsche e matar um motorista de aplicativo, descumpriu ordem judicial e combinou o depoimento que seria dado pela sua namorada.
A alegação consta na denúncia contra o dono do Porsche, obtida pelo Metrópoles, pelos crimes de homicídio qualificado, com dolo eventual, e lesão corporal. A acusação foi oferecida pelo MPSP nessa segunda-feira (29/4). Na ocasião, a promotora também concordou com o novo pedido de prisão preventiva de Fernando.
No pedido de prisão anterior, o Judiciário, em vez de mandar o empresário para a cadeia, havia determinado uma série de medidas cautelares, como proibi-lo de se aproximar de testemunhas, ter a CNH suspensa e pagar fiança de R$ 500 mil.
Segundo a promotora, o depoimento dado por Giovanna Pinheiro Silva, que é a namorada de Fernando e foi a única testemunha a negar que o empresário tenha bebido antes de bater com o carro de luxo, confirmaria que ele desrespeitou as medidas impostas.

Caso porsche camera corporal
Reprodução/PMSP

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Fernando Sastre de Andrade Filho, acusado de homicídio após provocar um acidente com seu Porsche em alta velocidade
Reprodução

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Fernando Sastre de Andrade Filho, acusado de homicídio após provocar um acidente com seu Porsche em alta velocidade
Reprodução

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Acidente envolvendo Porsche matou motorista de aplicativo Ornaldo Viana (detalhe)
Divulgação/Polícia Civil e Reprodução/Redes Sociais

Acidente Porsche zona leste SP
Carro da vítima teve a traseira destruída
Divulgação/Polícia Civil

Acidente Porsche zona leste SP
Motorista do Renault Sandero morreu durante atendimento hospitalar
Divulgação/Polícia Civil

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Porsche em alta velocidade provocou morte de uma pessoa em acidente no Tatuapé
Divulgação/Polícia Civil

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Câmeras de segurança flagraram Porsche acima da velocidade na Avenida Salim Farah Maluf
Reprodução

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Fernando Filho conversa com amigos em frente a clube de pôquer pouco antes de acidente envolvendo seu Porsche na zona leste de SP
Reprodução

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Empresário Fernando Sastre de Andrade Filho sai do 30º DP pela porta da frente
Felipe Resk/Metrópoles
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Contato com testemunha
Giovana prestou depoimento no dia 9 de abril, quando a Polícia Civil já havia colhido relatos de que o empresário havia ingerido bebida alcoólica na noite do acidente.
“Havia receio — no primeiro pedido de prisão — de que a testemunha e namorada do acusado Giovana fosse por ele compelida, pressionada e convencida a dar versão diversa”, escreve a promotora. “Receio que veio a se concretizar”, completa.
À polícia, a jovem relatou que Fernando estava sóbrio e negou que tivesse discutido com ele após tentar impedi-lo de dirigir embriagado. Também confirmou a versão apresentada pela mãe do empresário sobre como eles foram liberados do local do acidente pela Polícia Militar (PM).
“Pelas imagens das câmeras corporais dos policiais, ela nem sequer presenciou tais fatos”, escreveu a promotora. Para ela, as informações prestadas por Giovana “restaram efetivamente contaminadas” e a versão da namorada sobre os fatos seria “totalmente forçosa e tendenciosa” – “indicando-se que houve contato entre elas e/ou ao menos com os advogados”.
“Com isso, houve efetivo desrespeito à ordem judicial (…) de não aproximação e contato com a testemunha”, registrou a promotora. “Devendo-se decretar a prisão preventiva do denunciado também por descumprimento da cautelar imposta”, conlui.
Corrupção passiva
Com sinais evidentes de embriaguez, o empresário dirigia um Porsche, avaliado em R$ 1,2 milhão, quando bateu em alta velocidade na traseira de um Sandero, matando o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, na Avenida Salim Farah Maluf, zona leste de São Paulo. O caso aconteceu no dia 31 de março.
Segundo laudo pericial, Fernando trafegava a 156km/h na avenida, onde o limite de velocidade é de 50km/h, colidindo na traseira do carro da vítima, que estava a 40km/h. Até a publicação desta reportagem, a Justiça não havia se manifestado sobre o pedido da Promotoria.
Com a justificativa de que iria procurar atendimento médico, Fernando foi liberado do local do acidente pela PM. Na denúncia, a promotora assinala que a liberação foi feita “indevidamente” e sugere que a Justiça militar investigue possível caso de corrupção passiva da policial envolvida.
De acordo com Monique, a policial teria “cedido a pedido” da mãe de Fernando e “liberado o responsável [pelo acidente] em estado de flagrância”, para que ele fosse ao hospital, “sem escolta ou vigilância”.