De forma surpreendente, os cerca de 150 analistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo Banco Central (BC) mantiveram estáveis quase todas as projeções para os principais indicadores que compõem o Relatório Focus divulgado nesta terça-feira (30/4). Os economistas parecem ter entrado em compasso de espera – em busca de novas pistas sobre o comportamento da economia nacional e internacional.
Com isso, a única mudança registrada em relação à semana passada na pesquisa do BC foi o aumento da previsão da taxa básica de juros do país, a Selic, para 2026. Ela passou de 8,50% para 8,63% ao ano. Com isso, permaneceram estáveis as estimativas para a Selic em 2024, 2025 e 2027, a inflação, o Produto Interno Bruto (PIB) e o dólar. Tal congelamento de estimativas, note-se, é raro, principalmente num cenário global dominado por incertezas.
Na semana passada, deu-se o contrário. Todas as previsões foram alteradas. Com a estabilidade, no entanto, a estimativa para taxa básica de juros do país, a Selic, em 2024, foi mantida em 9,50%. Ela havia permanecido por 16 semanas – desde 22 de dezembro, há quatro meses, portanto – em 9% para 2024. Na semana retrasada, subiu 9,13%. Depois, alcançou os atuais 9,50% ao ano. Nesta edição do Focus, como foi dito, a taxa para 2026 mudou de 8,50% para 8,63%.
Selic oscilante
A mudança de humor do mercado com a Selic nas semanas anteriores foi um sinal do aumento das incertezas da economia tanto no campo internacional como no doméstico. No exterior, está cada vez mais distante a perspectiva de redução de juros nos Estados Unidos em um curto prazo. Hoje, eles estão fixados no intervalo de 5,25% e 5,50%.
Os analistas previam que a taxa poderia começar a baixar em março deste ano. Agora, essa estimativa foi empurrada para setembro e, em alguns casos, para dezembro. Nesta quarta-feira (1º/5), o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai definir o valor dos juros americanos. No campo interno, as incertezas recrudesceram, notadamente, com a mudança de meta fiscal para os anos de 2025 e 2026, anunciada pelo governo Lula.
Freio no PIB
Outro “congelamento” que chamou a atenção, foi o freio na estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024. Por 10 semanas seguidas, os analistas subiram a projeção do PIB. Na atual edição do Focus, contudo, ela foi mantida em 2,02% para 2024. Há pouco mais de um mês, estava em 1,85%. O Ministério da Fazenda prevê um avanço de 2,2% do produto nacional para este ano. Para 2025 e 2026, o mercado manteve a estimativa de crescimento da economia em 2%.
Inflação
Depois de seguidas oscilações, a perspectiva de inflação para 2024 também se fixou. Para 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar o ano em 3,73%. Para o próximo ano, ficou em 3,50%. O mercado, no entanto, vinha prevendo quedas dos preços e, na sequência, reverteu a tendência para uma alta, tanto em relação a este ano como para 2025.
Dólar
Os analistas consultados pelo BC também mantiveram a projeção para o dólar deste ano. Ela ficou em R$ 5,00. Há três semanas, a moeda americana estava cotada a R$ 5,30. Para 2025, a estimativa ficou em R$ 5,05 e, para 2026, em R$ 5,10. No caso de 2027, manteve-se em R$ 5,10.
Relatório Focus
O Relatório Focus resume as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação.