CCJ do Senado adia PL do DPVAT, que abre espaço de R$ 15 bi a Lula

A votação do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 233/23, relativo ao Seguro Obrigatório Para Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT), que substitui o antigo DPVAT, foi adiada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal nesta terça-feira (30/4) depois de pedido de vista dos senadores — quando é solicitado mais tempo para a análise do texto.

O governo tem pressa para aprovar a proposta e queria que o projeto fosse aprovado nesta terça-feira. Mas foi derrotado, já que o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), decidiu dar uma semana de vista e não duas horas, como queria o líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

O adiamento da votação do projeto importante para o governo se dá em um contexto de um novo atrito da área econômica do Executivo com o Congresso sobre gastos públicos, especificamente sobre a visão divergente a respeito da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos. O governo entrou no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a prorrogação do benefício, o que irritou a cúpula do Congresso.

Um dos motivos do Executivo querer acelerar a aprovação é porque  a recriação do seguro abre uma folga de R$ 15 bilhões no Orçamento. Um trecho incluído no projeto antecipa R$ 15,7 bilhões em créditos suplementares para o governo ainda neste semestre, o que dá margem para a gestão petista negociar emendas com os congressistas, por exemplo.

A autorização está atrelada ao crescimento adicional da receita da União nos primeiros meses deste ano, se comparado ao mesmo período de 2023.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou, no início do ano, R$ 5,6 bilhões destinados a emendas de comissão. Os congressistas ficaram irritados com o veto e defendem a retomada do trecho derrubado por Lula no Orçamento. A aprovação do projeto que recria o DPVAT daria conforto para que a base governista negociasse a derrubada dos vetos e também uma recomposição parcial dos R$ 5,6 bilhões vetados, sem que o veto do petista fosse derrubado.

Como a nova sessão do Congresso está prevista para 9 de maio, ainda dará tempo do governo tentar aprovar o projeto em 8 de maio, um dia antes da análise de vetos.

Como o DPVAT voltou à pauta

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) extinguiu o DPVAT em 2020. No entanto, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou ao Congresso Nacional o texto para reformular o seguro obrigatório, alegando que o fundo que garante indenização a vítimas de acidentes de trânsito precisa da verba.

A proposta foi aprovada pela Câmara dos Deputados em abril deste ano e, agora, aguarda deliberação do Senado para, se aprovada, ser sancionada pelo presidente Lula.

O texto retoma a cobrança anual do seguro para proprietários de veículos automotores e abre margem de gasto para o governo Lula, como aprovado no Arcabouço Fiscal.

De acordo com o texto do Executivo, o valor do pagamento do pagamento para os donos de veículos será definido pela Caixa Econômica Federal, que ficará responsável pelo gerenciamento do fundo. Exceto quando o montante for cobrado pela unidade federativa onde o veículo foi licenciado.

Outro ponto do texto determina que a quitação do prêmio do SPVAT será necessária para obter o licenciamento anual do veículo, assim como a transferência de propriedade e a baixa de registro do automóvel.

O projeto prevê a indenização por morte e por invalidez permanente, total ou parcial. Os valores que poderão ser pagos serão definidos pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).

O SPVAT prevê o reembolso de despesas da vítima em consequência do acidente. Estão incluídos fisioterapias, medicamentos, equipamentos ortopédicos, órteses, próteses e outras assistências médicas suplementares.

O seguro também garante a indenização de invalidez permanente, total ou parcial, além de morte de envolvidos no acidente de trânsito.

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