Moradores alegam falta de transparência na concessão da Raposo Tavares

São Paulo Moradores da zona oeste de São Paulo e da região metropolitana no entorno acusam o Governo do Estado de São Paulo de falta de transparência no projeto de concessão da rodovia Raposo Tavares, que liga a capital a Vargem Grande, passando por 14 municípios.

O projeto “Nova Raposo”, cujo edital deverá ser publicado no mês de junho, prevê a entrega de 456 km da rodovia à iniciativa privada. Além de obras de infraestrutura, a empresa concessionária deverá implementar e um sistema de cobrança de pedágio urbano automático, que, de acordo com a Secretaria de Parcerias e Investimentos, começa a valer a partir de 2033.

Nas redes sociais, moradores alegam que as audiências públicas para a discussão do projeto, nos dias 15 de março e 16 de abril, ocorreram sem a devida divulgação e participação dos afetados. Eles dizem ter sido surpreendidos pela imprensa sobre o encerramento das consultas, que teriam sido anunciadas somente pelo Diário Oficial.

No dia 25 de abril, foi criado um abaixo-assinado online pedindo a “suspensão imediata do andamento do projeto”, com mais de 10 mil assinaturas até o momento. Além disso, a deputada estadual Marina Helou (Rede) protocolou em 22 de abril um pedido de representação do Ministério Público de São Paulo pedindo a paralisação do projeto.

Projeto Nova Raposo

A concessão da rodovia Raposo Tavares inclui quatro rodovias que são administradas pela ViaOeste e pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP). O projeto foi anunciado em 2023 e deverá ter seu contrato assinado em 2025, com investimento previsto de R$ 9 bilhões.

Entre várias obras de infraestrutura, o projeto prevê a ampliação de vias, a construção de três viadutos na região da Marginal Pinheiros, de um túnel no bairro Butantã, e a construção de uma uma quarta faixa no trecho que liga São Paulo e Cotia. A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) defende que as reformas irão desafogar o trânsito na região.

Em uma nota de repúdio publicada em redes sociais, o movimento “‘Nova Raposo’, Não”, formado por 80 entidades que são contrárias à concessão, diz que a execução do projeto exigirá a desapropriação de moradores e o desmatamento da área verde vizinha à rodovia.

O Metrópoles procurou o Governo do Estado de São Paulo sobre as possíveis desapropriações e o desmatamento que aconteceria região e  não obteve resposta até a publicação da reportagem. O espaço permanece aberto.

Em relação às acusações de falta de transparência, a Secretaria de Parcerias e Investimentos publicou no seu portal que as audiências públicas foram realizadas em formato híbrido “com o objetivo de promover a participação do maior número de pessoas”. Segundo a pasta, as contribuições feitas durante o processo serão analisadas e aquelas que visam a melhoria do projeto serão consideradas.

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