O duro carão que deu em Israel a vice-presidente dos Estados Unidos

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, reclamou sem rodeios a Israel para fazer o suficiente de modo a aliviar uma “catástrofe humanitária” em Gaza. É sinal de que a administração Joe Biden enfrenta uma pressão crescente para controlar o seu aliado próximo enquanto trava guerra com militantes do Hamas.

Ao falar no domingo em frente à ponte Edmund Pettus em Selma, Alabama, onde tropas estaduais espancaram manifestantes pelos direitos civis dos americanos há quase seis décadas, ela pediu um cessar-fogo imediato em Gaza e instou o Hamas a aceitar um acordo para libertar reféns em troca de uma suspensão das hostilidades por 6 semanas.

Mas Harris dirigiu a maior parte dos seus comentários a Israel, no que pareceu ser a repreensão mais contundente já feita por um líder sênior do governo dos Estados Unidos sobre as condições na Faixa de Gaza:

“As pessoas em Gaza estão morrendo de fome. As condições são desumanas e a nossa humanidade comum obriga-nos a agir. O governo israelense deve fazer mais para aumentar significativamente o fluxo de ajuda. Sem desculpas”.

Seus comentários refletem a intensa frustração dentro do governo dos Estados Unidos com a guerra, que prejudica a posição do presidente  Biden junto aos eleitores de esquerda, enquanto ele busca a reeleição este ano. Harris ditou como Israel deveria se  comportar daqui para frente:

* abrir novas passagens de fronteira;

* não impor “restrições desnecessárias” à entrega de ajuda;

* proteger o pessoal humanitário e os comboios para que eles não se tornem alvos de tiros e de bombas;

e trabalhar para restaurar os serviços básicos e promover a ordem para que mais alimentos, água e combustível possam chegar às pessoas que precisam.

Os Estados Unidos realizaram seu primeiro lançamento aéreo de ajuda em Gaza no sábado, e na segunda-feira Harris tem um encontro marcado na Casa Branca com o membro do gabinete de guerra israelense Benny Gantz, ministro da Segurança Nacional de Israel.

No domingo, uma delegação do Hamas chegou ao Cairo para mais uma rodada de negociações de cessar-fogo, o último obstáculo possível para uma trégua. Israel boicotou o encontro porque o Hamas não lhe deu até agora a lista completa de reféns em seu poder.

Um acordo traria a primeira trégua prolongada da guerra, que já dura cinco meses, com apenas uma pausa de uma semana em novembro. Dezenas de reféns detidos por militantes do Hamas seriam libertados em troca de centenas de palestinos detidos.

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