Homem que tomou 217 vacinas contra a Covid é estudado por cientistas

Um alemão de 62 anos que afirma ter sido vacinado 217 vezes contra a Covid-19 em um período de aproximadamente 2 anos e cinco meses teve a saúde examinada por pesquisadores da Universidade de Erlangen-Nuremberga (FAU), na Alemanha. A pesquisa sobre os efeitos da hipervacinação foi publicada na revista The Lancet Infectious Diseases na segunda-feira (4/2).

O caso ocorreu ao longo da pandemia da Covid-19 e ganhou repercussão uma vez que o homem tomou as vacinas por conta própria, fora de um contexto de estudo clínico e contra as recomendações de vacinação do país.

O alemão guarda pelo menos 134 comprovantes de vacinação. Ele recebeu oito tipos diferentes de imunizantes, incluindo os de mRNA disponíveis. A Alemanha abriu uma investigação de fraude contra o homem, mas não foram apresentadas acusações criminais contra ele.

Resposta a 217 vacinas

Ao saber do caso, os cientistas entraram em contato com o homem, que não teve o nome identificado, para tentar entender como o sistema imunológico humano reage à hipervacinação.

Alguns especialistas suspeitavam que o acúmulo de doses poderia causar a fadiga das células imunológicas, tornando-as menos eficazes depois de se acostumarem com os antígenos das vacinas.

No entanto, testes com amostras de sangue do paciente coletadas e armazenadas ao longo dos últimos anos e durante o estudo mostraram que o sistema imunológico dele está totalmente funcional, sem qualquer sinal de fadiga.

Para a surpresa dos pesquisadores, algumas células do sistema imunológico e anticorpos que atuam contra o coronavírus estão presentes em concentrações consideravelmente mais altas em comparação com as de pessoas que receberam apenas três vacinas.

“Existe uma indicação de que certos tipos de células imunológicas (células T) ficariam fadigadas, fazendo com que liberem menos substâncias mensageiras pró-inflamatórias. No geral, não encontramos nenhuma indicação de uma resposta imunológica mais fraca, muito pelo contrário”, escreveram os autores do estudo.

O homem não relatou qualquer efeito colateral após a vacinação. O número de células T de memória também foi tão elevado para ele quanto no grupo de controle.


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 Sistema imunológico em funcionamento

Outros testes indicaram que não houve alteração na eficácia do sistema imunológico contra outros vírus. Os pesquisadores acreditam que a hipervacinação não danificou o sistema imune do paciente.

“A observação de que nenhum efeito colateral perceptível foi desencadeado apesar desta hipervacinação extraordinária indica que os medicamentos têm um bom grau de tolerabilidade”, afirma um dos autores do estudo, Kilian Schober.

Os cientistas lembram que esse é um caso único e os resultados não são suficientes para tirar conclusões de longo alcance e muito menos fazer recomendações para o público em geral. “A investigação atual indica que a vacinação com três doses, junto a vacinas complementares regulares para grupos vulneráveis, continua a ser a abordagem recomendada. Não há indicação de que mais vacinas sejam necessárias”, afirmam.

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