Quem são os líderes do PCC investigados pela morte de PM no Guarujá

São Paulo – A Polícia Civil paulista já pediu a prisão de pelo menos 11 pessoas envolvidas no sequestro, tortura e assassinato do soldado da Polícia Militar (PM) Luca Romano Angerami, de 21 anos, no Guarujá, litoral paulista. Entre os suspeitos, estão lideranças locais do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O corpo do soldado chegou a ficar mais de um mês desaparecido até ser encontrado em uma cova rasa de um cemitério do PCC, na Vila Baiana, na segunda-feira (20/5). O PM havia sido visto pela última vez perto de uma biqueira, como são chamados os pontos de venda de drogas, na madrugada de 14 de abril.

Ao menos três “disciplinas” da facção criminosa teriam participado do arrebatamento do policial. Segundo a investigação, João Victor de Souza Miranda Santos, o BH, João Marcus Galdino da Silva, o Trolho, e Rafael da Silva Santos, o Cebola, seriam responsáveis por manter as regras do crime na Vila Santo Antônio.

Já Caick Santos Riachão da Silva é apontado como o gerente da biqueira perto de onde Luca foi visto pela última vez. Dele, teria partido a ordem para avisar as lideranças da facção de que havia um policial militar na área.


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Execução

No dia do desaparecimento, Luca havia passado a tarde com amigos na Praia do Tombo, ido a um bar de sinuca e depois a uma adega na Vila Santo Antônio, antes de ser flagrado por uma câmera de segurança caminhando ao lado de um suspeito nas proximidades de um ponto de venda de droga. Eram 6h40.

A polícia acredita que o PM pode ter sido sequestrado já na saída da adega. Por sua vez, investigados dizem que o soldado chegou por conta própria ao ponto de venda de droga e só foi arrebatado no local.

Em depoimento, um dos presos afirmou ter visto o soldado estacionar seu carro e conversar rapidamente com Caick. Em seguida, o PM teria sido abordado por Danilo Jefferson Corrales Lins Andrade, o Caga, que seria usuário de droga. O rapaz o convenceu a descer e ir até o ponto de venda de drogas.

A entrada do policial na biqueira teria provocado a reação dos traficantes, dizem os investigados. Os criminosos tomaram sua arma, a devolveram sem munição e deram ordem para ele sair do local. O PM se negou a sair sem recuperar as balas antes.

Após discussão entre traficantes e os policiais, Luca foi posto em um carro escuro. Em depoimento, BH admitiu que ele, Trolho e Cebola levaram o PM até um morro da Vila Baiana e o entregaram a criminosos identificados como “PC”, “PW” e “Snipe”. A Polícia diz que Luca foi submetido ao Tribunal do Crime, torturado e executado.

Investigação

Outro investigado é Fábio Barbosa da Silva Júnior, o Fabinho, que teria ficado responsável por desovar o carro do PM, um Toyota Corolla, na Rodovia Cônego Domênico Rangoni. O veículo foi encontrado ainda com a chave no contato e o uniforme do soldado.

Ao ser capturado, Fabinho delatou a participação de outros dois supostos membros do PCC na discussão sobre o que deveria ser feito com Luca. São eles: Thiago da Silva Santos, o Gardenal, e Gabriel Santos de Jesus.

Como estavam na biqueira na hora em que o soldado foi arrebatado, Renato Borges de França, o Coroinha, e Carlos Vinícius Santos da Silva, o Malvadão, também são investigados e tiveram a prisão decretada.

No celular de Malvadão, os policiais encontraram conversas em que o suspeito descreve como teria participado do crime e diz que seu objetivo era ser apadrinhado pelo PCC. Havia também mensagens indicando que o PM Angerami havia sido executado.

Já o primeiro homem a ser preso, ainda na noite de 14 de abril, foi Edivaldo Aragão, de 36 anos, que confessou o crime. Com o andamento da investigação, no entanto, os policiais descobriram que o seu depoimento era mentira e tinha sido prestado a mando do PCC. Ele foi indiciado por atrapalhar o trabalho da polícia.

Corpo

Segundo a polícia, o corpo do PM foi encontrado com as mãos amarradas e enrolado em uma lona. Uma equipe da Seccional de Santos localizou o cadáver na Rua Gerson Maturani, na Vila Baiana.

O rosto da vítima estava desfigurado. Uma tatuagem no braço esquerdo teria ajudado na identificação do PM.

O desaparecimento de Luca Angerami já era tratado como homicídio. No fim de abril, o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, afirmou que o soldado foi “executado covardemente por criminosos integrantes do PCC”.

Segundo o delegado, o rapaz foi morto “simplesmente pelo fato de ser policial, e por estar no lugar errado na hora errada”.

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