Estima-se que 39 mil toneladas de roupa sejam despejadas no deserto do Atacama, no Chile, pela indústria da moda todo ano, ilegalmente. Esse comportamento desenfreado chegou a um ponto em que, do espaço sideral, é possível ver a pilha de lixo têxtil acumulado. Como forma de conscientização, a ONG dedicada à reciclagem de têxteis Desierto Vestido realizou no local um desfile, no qual a passarela foi o próprio acúmulo de tecidos e produtos.

O “desfile”
Chamada, em tom irônico, de Atacama Fashion Week, a ação apresentou peças com cores terrosas, para representar a poluição do solo; camadas de roupas desconstruídas, em alusão à estratificação da atmosfera; além de representações das geleiras em derretimento, incêndios florestais e a degradação da natureza, entre outras problemáticas.
“O verdadeiro custo de uma roupa vai muito além do preço. A maior parte das roupas descartadas no Deserto do Atacama é feita de poliéster, um tecido à base de plástico que leva até 200 anos para se decompor”, relatou a organização, no site dedicado à ação.







Lixão de roupas no deserto
Em 2023, a empresa de satélites SkyFi divulgou imagens e provou que o “lixão” de roupas pode ser visto para além da Terra, sendo comparável à extensão da cidade chilena ao lado. “O tamanho da pilha e a poluição que ela está causando ao meio ambiente já são visíveis do espaço, deixando claro que há uma necessidade de mudança na indústria da moda”, alertou a empresa.


Uma aparente solução seria a queima das roupas acumuladas, ação também contestada pela ONG: “Quando essas vestimentas são incineradas no deserto, elas liberam fumaças tóxicas, causando danos ao solo, à camada de ozônio e à saúde da população local”, explicou, em comunicado.