Miniórgãos são criados com células do líquido amniótico humano

Pela primeira vez, uma equipe internacional de cientistas usou células do líquido amniótico, o líquido que envolve o embrião no útero da mãe, para gerar “miniórgãos” em laboratório, como rins, intestinos e pulmões. O desenvolvimento dos organoides pode alertar para possíveis doenças congênitas no feto, o que viabiliza o diagnóstico e o tratamento precoce. 

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Até então, os cientistas não tinham encontrado uma forma de criar organoides a partir do material celular de fetos em desenvolvimento. Esses aglomerados de células, semelhantes a órgãos, eram somente poderiam ser gerados em casos de biópsias, com amostras de tecido, como os minicérebros.

Uso de células do líquido amniótico

Publicado na revista científica Nature Medicine, o estudo dos miniórgãos envolveu o recrutamento de 12 gestantes. Estas mulheres realizaram um exame pré-natal, conhecido como amniocentese, o que permitiu a coleta do líquido amniótico, entre a 16ª e a 34ª semana de gestação.


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Como existem diferentes tipos de células, como células-tronco epiteliais e células do sistema imunológico, além de outros materiais, o líquido foi analisado em laboratório. 

Cientistas criam miniórgãos, a partir do líquido amniótico, e podem descobrir doenças congênitas (Imagem: Gerli et al., 2024/Nature Medicine)

Assim, foi possível filtrar as células-tronco epiteliais necessárias para a criação dos organoides, e estas foram transferidas para um novo recipiente, onde cresceram e se multiplicaram por 4 semanas. No fim do processo, os cientistas tinham, em mãos, pequenos rins, pulmões e intestino, emulando os órgãos de fetos. Eles mediam até um milímetro de diâmetro.

Diferente das técnicas tradicionais para a criação de organoides, onde células “adultas” são convertidas em células-tronco, o processo com as células epiteliais foi mais simples, já que não há necessidade de reprogramação e nem manipulação.

Por que construir “miniorgãos”?

Por trás da criação dos miniórgãos, está a ideia de diagnosticar doenças congênitas. Afinal, as células epiteliais do pulmão vão se desenvolver da mesma forma no feto e no experimento. Se algum problema ocorrer, ele tende a acontecer nas duas situações.

Inclusive, uma das organoides do pulmão foi induzida a desenvolver um quadro de hérnia diafragmática, doença rara que impede o desenvolvimento fetal. Através do modelo criado, a equipe conseguiu confirmar que o minipulmão adquire as mesmas características de pulmões em fetos com a doença, o que valida a possibilidade do diagnóstico. 

Por enquanto, não há estimativas de quando a técnica pode chegar nos consultórios médicos e ajudar no diagnóstico de doenças raras. Mais estudos ainda são necessários.

Leia a matéria no Canaltech.

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