Delegados de SP estão zangados com Derrite. E se eles usassem câmeras?

Os delegados da Polícia Civil paulista estão zangados com o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

Em entrevista ao jornalista Renan Porto, o presidente da associação de delegados criticou a “militarização” da área criminal. Os ânimos ficaram ainda mais exaltados porque Guilherme Derrite deixou a Polícia Civil fora das operações contra o PCC (bem-sucedidas, até o momento).

A bronca começou porque o secretário Derrite, que foi soldado da ROTA, decidiu, com o aval do governador Tarcísio de Freitas, que policiais militares poderão registrar e investigar casos de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima é de até dois anos, e enviar o termo de ocorrência diretamente para a Justiça, sem passar pelos delegados da Polícia Civil.

Esse tipo de procedimento já foi adotado por outros 12 estados, com a aprovação do STF. A intenção confessa é a de agilizar os processos. Todo mundo que já passou por uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência sabe que a Polícia Civil não prima pela agilidade.

O objetivo inconfesso é o de contornar os delegados, investigadores e escrivães que, digamos, são lenientes com determinados crimes. Vou dar um exemplo saído da minha cachola fantasiosa: a exploração de máquinas caça-níqueis, que rende um dinheirão a quem mantém o negócio ilegal.

Há garantia de que policiais militares não serão também, digamos, lenientes com a exploração de máquinas caça-níqueis, para ficar no exemplo saído da minha cachola fantasiosa? Claro que não existe essa garantia. Mas tudo fica um pouco mais difícil, porque milhares de PMs usam câmeras corporais e todos eles fazem parte de uma cadeia de comando mais hierarquizada e definida.

Os delegados deveriam aproveitar este momento para fazer uma reflexão sobre a, digamos, leniência da Polícia Civil com crimes como, ainda no meu exemplo fantasioso, a exploração de máquinas caça-níqueis. Obviamente, nem todos os policiais civis são lenientes. É uma minoria que contamina a maioria, vamos dizer assim.

No sentido de colaborar com esse reflexão, proponho que os delegados, os investigadores e os escrivães também usem câmeras corporais para registrar o seu trabalho no dia-a-dia. Que tal, secretário Derrite? Não tenho dúvida de que a Polícia Civil, como instituição, aprovaria a iniciativa que visaria a diminuir a, digamos, leniência de seus integrantes, uma minoria que contamina a maioria.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.