Crítica Ricky Stanicky | Uma comédia com gostinho de anos 2000

Durante anos, John Cena esteve no centro da indústria da luta livre, sendo a principal estrela da WWE, chegando ao ponto de ser completamente irritante vê-lo ganhar constantemente. Só que, por baixo de toda a persona de pro wrestling que ele tinha, sempre agradando criancinhas e sendo o “mocinho”, existia um fanfarrão que, de vez em quando, deixava um humor mais adulto transparecer.

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Quando partiu de vez para uma carreira cinematográfica, ao contrário de outros lutadores como Dwayne Johnson, Cena foi direto para comédias, chamando atenção de muita gente que se surpreendeu ao perceber que aquele sujeito musculoso tinha um bom timing para piadas.

 

O seu trabalho em O Esquadrão Suicida e O Pacificador apenas confirmaram que, além de servir para ação, Cena conseguia fazer rir de verdade. No seu novo filme, Ricky Stanicky, o lutador e ator mostra que nasceu mesmo para a comédia cretina, dessa vez sob a direção de Peter Farrelly, de Quem Vai Ficar com Mary? e Debi & Loide.


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Um amigo de mentira

Ricky Stanicky gira em torno de um trio de amigos que, na infância, tentam se safar de uma bobeira inventando uma pessoa chamada Ricky Stanicky. Isso acaba dando certo e a figura mitológica passa a fazer parte da vida do trio.

Sempre que eles precisam dar uma desculpa para viajar para alguma festa, colocar a culpa em alguém, Ricky Stanicky estava pronto para ser usado. Os amigos chegam a criar uma bíblia com informações importantes sobre os anos de “amizade” com Ricky, caso fossem questionados sobre ele.

Trio cria um amigo imaginário para fugir da vida em Ricky Stanicky (Imagem: Divulgação/Amazon Studios)

Parece algo bobo — e é —, mas quando o trio já adulto continua fazendo isso, você espera por algo desastroso. Isso acontece quando, em uma viagem pouco antes do nascimento do filho de um deles, tudo parece se perder. A mulher entra em trabalho de parto enquanto o trio está em um cassino, deixando todo mundo com raiva.

A existência de Ricky Stanicky parece não funcionar mais, até que Dean, interpretado por Zac Efron (Garra de Ferro), lembra de algo. Durante a viagem no cassino, eles conhecem Rod, interpretado por Cena, um ator sem muito talento que faz um show de covers em que todas as músicas têm alguma ligação com masturbação. Sim, é esse tipo de filme.

Eles resolvem contratar Rod para ser Stanicky por um dia, treinando o ator com a bíblia do amigo imaginário. Tudo parece dar certo, até o momento em que Rod resolve que não vai mais embora.

Rod se transforma em Ricky Stanicky (Imagem: Divulgação/Amazon Studios)

Toda essa introdução é relativamente rápida no filme e parece um grande resumo do trailer, mas Ricky Stanicky tem muito a oferecer dentro desse ato inicial absurdo. A impressão que eu tive foi de realmente assistir a um filme do final da década de 90 e início dos anos 2000, o que é interessante, pois foi o período de maior sucesso de Peter Farrelly como diretor de comédias. 

Apesar de John Cena ser o astro do filme, a história gira em torno do trio de amigos, interpretados por Zac Efron, Andrew Santino (O Artista do Desastre) e Jermaine Fowler (Um Príncipe em Nova York 2), então apesar de ter Rod/Ricky como o responsável pelos momentos mais “ofensivos”, a história se perderia completamente se a amizade dos três não funcionasse na tela.

 

O filme mostra mais o personagem de Efron do que os outros, o que desequilibra um pouco a dinâmica entre os três, ainda que isso não chegue a ser um problema. Porém, Santino e Fowler parecem ter muito mais a oferecer do que vemos no filme, o que é uma pena, já que ambos mostram bastante química juntos e com Cena.

Uma comédia antiga

Ricky Stanicky é uma comédia que está sendo lançada em 2024, mas que está em desenvolvimento desde 2010. A versão que temos no streaming foi atualizada por Peter Farrelly, mas claramente é um filme que poderia ter sido lançado por ele em 2001.

Isso não chega a ser uma reclamação, mas mostra o quanto o seu estilo é datado. John Cena funciona muito bem no papel, mas o tipo de humor é bastante típico de vinte anos atrás, o que certamente fará parte dos espectadores torcer o nariz para ele. Ao mesmo tempo, quem cresceu consumindo aquelas comédias bobas da virada do século, vai se sentir de volta na locadora.

Belíssima camiseta do ALF (Imagem: Divulgação/Amazon Studios)

O filme é cheio de piadinhas cretinas, sendo que algumas conseguem tirar boas risadas, enquanto outras são apenas vergonhosas. Porém, algo que me chamou atenção foi o fato de, como outras produções dirigidas por Farrelly, Ricky Stanicky também tenta ser um filme com coração.

É bizarro, principalmente por toda a trama do filme, mas percebe que ninguém ali é ruim e Rod/Ricky, mesmo sendo uma pessoa completamente perdida, tem um bom coração. No meio de um monte de piadas ridículas, o filme tenta passar uma mensagem e, de alguma forma, deixar todo mundo bem na sua conclusão.

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O longa está longe de ser um perfeito e o seu tipo de humor já não é uma unanimidade hoje em dia, por vários motivos, mas é uma produção que mostra mais uma vez o talento de John Cena em comédias e como seu carisma consegue fazer um personagem que tinha tudo para ser irritante, a melhor coisa do filme.

Ricky Stanicky estreia dia 7 de março no Prime Video.

Leia a matéria no Canaltech.

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