Fiocruz afirma que ‘trabalha no limite’ para atender demanda do SUS por vacina contra dengue

 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirma que “trabalha no limite” e depende da construção de uma nova fábrica para conseguir atender à demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) pela vacina da dengue.

A produção da Qdenga (vacina para a dengue) ocupa a mesma plataforma de outros imunizantes. O processo exige um “balanceamento na carteira de vacinas ofertadas”.

O Ministério da Saúde conseguiu 6,5 milhões de vacinas da Qdenga para 2024. A quantidade é suficiente para imunizar 3,2 milhões de pessoas durante a maior epidemia de dengue.

Para 2025, a pasta importou 9 milhões de unidades da vacina. A fundação aponta dificuldades e o esgotamento do laboratório Bio-Manguinhos — braço da Fiocruz.

Em documentos internos, a fundação menciona que a produção da vacina contra a dengue da farmacêutica Takeda implicará necessariamente na interrupção ou na redução drástica da produção de outras vacinas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) ou para as agências das Nações Unidas, “o que pode acarretar no aumento de casos da doença e até mesmo no aumento do número de óbitos em função desta falta”, alegou o órgão.

Parcerias e investimentos

A fundação elaborou em abril o documento “Demandas do SUS e ausência de capacidade produtiva de Bio-Manguinhos/Fiocruz”. O Jornal Folha de S. Paulo teve acesso ao documento.

O conteúdo menciona que a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde promete quadruplicar a capacidade de produção de doses. O custo para construir a nova fábrica da Fiocruz supera R$ 9,5 bilhões.

A estrutura abrigará a fabricação de insumos para terapia celular CAR-T, leucemia, linfoma, HIV e outras patologias.

Em outro parecer, a fundação afirma que a produção da vacina da dengue pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos para imunização da totalidade da população brasileira não é possível. Segundo o órgão, o instituto já trabalha no limite de sua capacidade produtiva.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deve injetar cerca de R$ 2,1 bilhões até 2027 no laboratório. A fundação também estuda usar a verba da exportação de vacinas, além de atrair investidores.

“Os recursos complementares para o empreendimento, na ordem de R$ 6 bilhões, serão captados no BNDES, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e bancos privados”, informou a Fiocruz.

Previsões e expectativas

A fundação afirma que o complexo está na fase de preparação de canteiro de obras. A expectativa é concluir a fábrica em 48 meses depois do começo da construção.

No processo que discute a construção, a Fiocruz também diz que está com a estrutura atual sobrecarregada. Eles temem não conseguir mais atender aos padrões exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outros órgãos de fiscalização.

Em nota, o Ministério da Saúde declara que “existe um problema de capacidade produtiva global” para a vacina da dengue. Afirma também que vai priorizar instituições “como o Butantan e a Fiocruz, que apresentam projetos de aumento da produção nacional a curto prazo”.

Fonte: Revista Oeste

 

 

 

 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.