Quem é Bernardo Bello, apontado como um dos chefes do jogo do bicho

Alvo da Operação Ás de Ouros 2, nesta quinta-feira (7/3), pela morte de um advogado, Bernardo Bello é apontado como um dos chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Ele assumiu o posto após romper com a ex-mulher e com toda a família dela — o clã Garcia — em uma disputa marcada por crimes violentos, de acordo com as investigações.

Foragido desde novembro do ano passado, Bernardo é procurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Atualmente, ele responde por três crimes. São eles: a morte de Alcebíades Paes Garcia, o Bid, tio da ex-mulher; lavagem de dinheiro; e, agora, o homicídio do advogado Carlos Daniel Dias André.


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Ligação com a família Garcia

Bernardo Bello se casou com Tamara Harrouche Garcia, filha de Waldermir Paes Garcia, o Maninho — herdeiro do jogo do bicho —,  assassinado em setembro de 2004. Com a morte de Maninho, os negócios dos Garcias seriam herdados pelo irmão dele, Bid.

Rivais na disputa por pontos de jogo do bicho e máquinas caça-níqueis, Bid teve os pontos tomados por Bello. Em 2020, o irmão de Maninho foi metralhado com dezenas de tiros de fuzil na porta de seu condomínio, quando voltava da Marquês de Sapucaí. A trama que marca a guerra do jogo do bicho no RJ foi apresentada pela série Vale o Escrito, da Globoplay.

De acordo com Shanna Harrouche Garcia, irmã gêmea de Tamara e ex-cunhada de Bello, antes de o tio ser assassinado, em fevereiro de 2020, ele fez algumas brincadeiras, afirmando que reassumiria os negócios.

Quase dois anos depois, Bello, apontado como mandante da morte de Bid, acabou preso pela Interpol na Colômbia — ele constava da Difusão Vermelha (Red Notice), a lista dos mais procurados de cada país. A Justiça aceitou a denúncia do MPRJ, e o tornou réu.

Bello ficou detido na Colômbia até maio do ano passado, quando obteve um habeas corpus, e voltou ao Brasil, respondendo ao atentado em liberdade.

Lavagem de dinheiro

Desde novembro do ano passado, Bello voltou a ser procurado, na Operação Fim da Linha, por corrupção e lavagem de dinheiro. A investigação começou com a notícia-crime sobre um bingo clandestino em Copacabana, Zona Sul do Rio, que funcionaria com a permissão de policiais militares.

O Gaeco identificou o responsável por confeccionar as cartelas para este e outros bingos ilegais explorados por várias organizações criminosas no Rio de Janeiro. O MPRJ explica que essas quadrilhas, a fim de potencializar os lucros, utilizam-se de diferentes modos de fraudar os resultados dos jogos, corrompem PMs e valem-se de violência para conquistar território.

Em março deste ano, a Justiça expediu mais um mandado de prisão contra Bello, também por lavagem de dinheiro. O contraventor está foragido desde então. Na ocasião, o MPRJ denunciou o ex-jogador Emerson Sheik (apelido de Marcio Passos Albuquerque). Segundo a investigação, Bello e Sheik fizeram uma permuta de uma cobertura do ex-jogador por uma casa na Barra da Tijuca.

Apesar de declararem que não havia valor envolvido, Bello transferiu “à margem da transação imobiliária formal”, em quatro depósitos em espécie, de R$ 473.550, para Sheik — “utilizados clandestinamente como parte do pagamento pela aquisição de imóvel”. Os valores não passaram por contas bancárias de Bello, e não foram registrados nas escrituras.

Segundo os investigadores, a Unidos de Vila Isabel, escola de samba da qual Bernardo Bello atuou como presidente, foi utilizada, entre 2014 e 2015, para lavagem de dinheiro, “oriundo, sobretudo, da contravenção do jogo do bicho e da exploração de máquinas caça-níqueis”.

Desde o início de 2024 começou uma nova guerra da contravenção em áreas dominadas por Bello. Nos ataques a tiros, dois homens foram mortos, ambos ligados a Bernardo. Outras cinco pessoas ficaram feridas.

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