Há uma tristeza no mundo

A julgar pelo que se lê na grande imprensa internacional, há uma grande tristeza no mundo.

É que a grande imprensa creditou-se como grande avalista político, quiçá ideal porta-voz-oráculo dos hodiernos deuses olímpicos, sendo-lhes mensageiros do que os simples mortais devem seguir e agir.

São os tempos de pouca crença que permitiram tal novo profetismo, afinal ninguém mais segue o padre, o bispo e o pastor. Ninguém se crê desvalido neste “vale de lagrimas”, como rezava-se em amparo a o sofrimento do viver.

Hoje, fora os que lutam para sobreviver, roendo pau, comendo areia, todos cultuam a alegria de viver, e viver para fruir, se divertir e sonhar, que se pode ser feliz aqui, sem querer adiar uma Parusia distante, mais ficando cada vez inatingível, inconquistável.

A modernidade permitiu a fruição dos gozos sem traumas, os jejuns e abstinências sendo esquecidos, e as Quaresmas, antes tempos de conversão e recolhimento, restaram iguais aos tempos comuns em indiferenças de Páscoa, com as Igrejas se esvaziando, quando não desabando e ruindo pela diáspora do tempo.

A parte tudo isso, a grande imprensa recolhe a cizânia que plantou na indiferença do seu pensar colocado como nova religião, sem conseguir ser o ópio de massas que buscou não parecer.

Ópio de massas era a fé, qualquer fé constituída, vãos sendo todos os preceitos que ensejassem uma qualquer esperança em seu nome.

A Esperança tomou nome de República, ideal escoadouro de todos os desejos e insatisfações inerentes à vida, e a Democracia virou a sua verdadeira Esperança que tudo redime e pacifica.

Sem pacificar tantos anseios despertados, a Democracia vem se esvaindo, se esfarelando como pó deliquescente, corroída por um legalismo, cada vez mais sufocante, que no afã de impedir o convívio do livre debate das ideias, e com ele dirimir as contendas rotineiramente acontecidas, suprime-se as maiorias amorfas e silenciosas, em nome das minorias exaltadas, querendo formatar o  mundo como a si imaginam, e não como ele o é, e abominam,  impondo-se, se necessário, o ferro rubro e o cacete de seus desejos, num novo decálogo criminal, restado pior e sem perdão, por inafiançável, hediondo  e imprescritível, para o qual nem as danações eternas erigiriam purgatórios e infernos tão cruentos.

Neste sentido, o noticiário mundial comenta sua crescente tristeza com “a inconcebível permissão” da candidatura de Donald Trump, ditada unanimemente pela Suprema Corte Americana, requerendo-lhe o mesmo impedimento decretado por nossas cortes ao Capitão Jair Messias Bolsonaro, porque assim a “democracia bem o exige”, embora multidões o sigam em todos o cenários.

Mas se as multidões os seguem, anulem-se as fotos e filmes testemunhais que os apresentam.

O retrato do que foi não é o que deve ser, relata a imprensa, sem precisar imprimir no fosso um verso da Camões ou uma vã receita de chupa-molho…

Que se use o Lusíadas para fins mais nobres, afinal as multidões não vogam. Elas são rotas rusgas de uma democracia que lhes ainda permitem tais devaneios.

Bom seria que as Avenidas não restassem tão limpas, porque assim se saberia que por ali passara realmente o povo, deixando seu rastro inconsútil em requesto de vassouras, e com o seu perfume inconfundível, por semanas.

Porque manifestação humana que vale é aquela em que sobra rastro por lembrança.

O resto é lambança, de cinquenta ou mais de cem mil, ou milhão, gabolice de bem-comportados, justo o que o povo não costuma ser. Pelo menos, aquele “povo de verdade”, aquele povão raiz, de esquerda, como se diz.

Passeata de bem-educados voga pior que procissão de penitentes, nem perdão adquire, quanto mais melhor valor de boa expressão.

Foi grande a manifestação da paulista? Foi!

Mas valeu de que?

Não foi só um retrato a mais, indesejado, que ninguém precisa ver?

Aqui mesmo, na imprensa local, tal retrato indesejado não conseguiu arrancar uma teclada única, de um R, qualquer, mal rasurado…

Aquela mesma rasura de rancor mal sussurrado, que reverbera, mundo a fora, com a cavalgada vitoriosa do COWBOY laranjão, Donald Trump.

Como é que deixam um homem desses livre, leve e solto?

Fora com ele e com o Bolsonaro! Não é assim que ecoa pelo mundo este grito de tristeza!?

– Fora também com as multidões da Paulista! Ora essa!

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