Ouvidoria confronta Derrite e fala em “cenário de massacre” no litoral

São Paulo – A Ouvidoria da Polícia de São Paulo afirma que é falsa a informação divulgada pelo secretário da Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite (PL), de que a Corregedoria da Polícia Militar não foi notificada sobre eventuais abusos cometidos durante a operação na Baixada Santista, que soma 39 mortes.

Em nota divulgada divulgada nesta quinta (7/3), a Ouvidoria da Polícia diz que, desde o início de janeiro, foram encaminhados 44 ofícios à Corregedoria da PM, ao contrário do que diz o secretário. De acordo com a nota, nenhum deles foi respondido.

“Aos órgãos de segurança do estado foram solicitadas imagens, laudos, boletins de ocorrência e elementos periciais, sem nenhuma resposta até este momento”, diz a Ouvidoria.

Além da Corregedoria da PM, também teriam sido endereçados ofícios a Comando Geral da PM, Ministério Público, comissões da Alesp, Anistia Internacional e Ouvidoria dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça. Ao todo, foram mais de 3.500 ofícios, de acordo com a Ouvidoria da Polícia de São Paulo.

“Não corresponde à verdade a declaração do Secretário, a qual só podemos atribuir um provável processo contínuo de inviabilização do trabalho desta Ouvidoria, que representa, neste cenário de massacre e crise humanitária, uma das poucas salvaguardas da institucionalidade dos direitos da população que se vê em confronto com uma segurança crescentemente ineficaz e violenta”, diz o órgão em nota.

“Não há excesso”

Em pronunciamento na Assembleia Legislativa de São Paulo nessa quarta-feira (6/3), Guilherme Derrite afirmou que “não reconhece” excessos por parte dos agentes de segurança até que as denúncias cheguem oficialmente às autoridades policiais competentes.

“Eu não reconheço nenhum excesso até que se chegue oficialmente para as forças policiais”, afirmou. “Nenhum órgão correcional das polícias, Corregedoria da Polícia Militar ou Corregedoria da Polícia Civil, recebeu qualquer denúncia, qualquer informação, qualquer relato oficial de que houve abuso de autoridade das forças policiais”, completou o secretário.

Durante o pronunciamento, Derrite ainda disse que as câmeras corporais nas fardas inibem a ação dos policiais militares. Segundo ele, o uso do equipamento prejudicou o desempenho das ações policiais.

“A utilização das câmeras reduziu todos os números: prisões, apreensões de armas, abordagens… Reduziu uma série de coisas que nos leva a crer que inibiu a atividade policial”, disse.

Dados divulgados nesta semana pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) indicam um aumento de 94% na letalidade policial em 2024. Segundo o órgão, a quantidade de mortes cometidas por PMs saltou de 69 para 134 em relação aos dois primeiros meses do ano passado.

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