Com aumento da fome, ONU explora nova rota para ajudar o norte de Gaza

Poucos dias antes do início do mês sagrado para os muçulmanos, o Ramadã, e sem nenhum acordo de cessar-fogo à vista para Gaza, os profissionais humanitários da ONU reiteraram, nesta quinta-feira (7/3), a preocupação com o número crescente de crianças morrendo de fome. 

A agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa) informou que “a situação é terrível e está piorando a cada minuto”.  

Negociações ainda sem resultados

Todos os dias, um máximo de 150 caminhões têm chegado ao norte do enclave, onde uma em cada seis crianças com menos de dois anos sofre de subnutrição grave. Ao menos 20 menores morreram nos últimos dias. Um deles ficou 14 dias sem se alimentar.  

Nesta quinta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas realiza reunião a portas fechadas sobre a situação em Gaza, com participação da coordenadora sênior da ONU de Ajuda Humanitária e Reconstrução, Sigrid Kaag. 

Mais de 30 mil pessoas já foram mortas nos intensos bombardeios diários israelenses em Gaza, em resposta aos ataques terroristas liderados pelo Hamas em Israel, no dia 7 de outubro, que deixaram cerca de 1,2 mil mortos e mais de 250 reféns.

As negociações para um cessar-fogo vinculado à libertação dos cerca de 100 reféns restantes e a um acesso mais amplo para a ajuda em toda Gaza não resultaram ainda no fim da violência nem no alívio da catástrofe humanitária. As conversas iniciadas no Catar seguiram esta semana no Cairo.

Destroços do Norte de Gaza
Filmagem de drone de edifícios destruídos em Jabalia, norte de Gaza

Esperança de acesso ao norte

Na ausência de um acordo entre o Hamas e Israel, as equipes de ajuda da ONU planejam explorar a viabilidade de usar uma estrada de acesso militar israelense ao norte de Gaza para transportar um mínimo de 300 caminhões de ajuda todos os dias. 

O coordenador humanitário interino da ONU para o Território Palestino Ocupado, Jamie McGoldrick, anunciou a iniciativa na quarta-feira. Ele explicou que esta opção permitiria que caminhões carregados com suprimentos humanitários chegassem às pessoas vulneráveis ​​no norte do enclave sem passar por negociações, obstruções e situações de insegurança.

McGoldrick defendeu o uso da estrada militar, na parte oriental de Gaza, para permitir que o material chegue dos pontos de passagem em Kerem Shalom e Rafah, até o norte. 

Ele concluiu que é preciso “movimentar pelo menos 300 caminhões por dia. Neste momento, temos sorte se conseguirmos cerca de 150.”.

Antes do início do Ramadã, na segunda, o líder humanitário observou que os fornecimentos de ajuda que entraram em Gaza em fevereiro tinham caído pela metade em comparação com janeiro, apesar das “enormes e crescentes necessidades de mais de 2,3 milhões de pessoas que vivem em condições terríveis”.

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