Crítica Todos Nós Desconhecidos | Nem todos os fantasmas nos assombram

Lançado nos EUA em dezembro de 2023 e nos cinemas brasileiros em março de 2024, Todos Nós Desconhecidos é um filme de fantasia romântica, escrito e dirigido por Andrew Haigh — cineasta que recorrentemente fala sobre as belezas, mas também as dificuldades enfrentadas no universo LGBTI+.

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Baseado em um livro de Taichi Yamada, lançado em 1987, o drama já havia ganhado uma adaptação para os cinemas em 1988, por meio do filme The Discarnates do diretor Nobuhiko Obayashi.

 

Na época, o longa-metragem teve certa repercussão no país e em alguns festivais internacionais, mas nada comparado ao sucesso de Todos Nós Desconhecidos, eleito um dos dez melhores filmes independentes de 2023 pelo National Board of Review e indicado a seis categorias do BAFTA 2024.


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A comoção do filme da Searchlight Pictures, no entanto, é justificável, não só pela trama em si, mas pela delicadeza impressionante como a história é apresentada ao público.

Ainda mais profundo do que faz supor à primeira vista, Todos Nós Desconhecidos apresenta uma história tocante e emotiva sobre o amor. Mais precisamente, sobre como esse sentimento é de fato o único remédio capaz de curar dores do passado que nos impedem de seguir adiante.

Um reencontro inusitado

Em Todos Nós Desconhecidos, Adam reencontra seus pais mortos (Imagem: Divulgação/
Searchlight Pictures)

Estrelado por Andrew Scott, em uma de suas mais delicadas atuações, o longa-metragem segue os passos de Adam, um roteirista que mora no centro de Londres em um prédio quase sem moradores. O único outro residente do local é Harry (Paul Mescal), um rapaz tão solitário quanto o escritor, que nota os olhares de Adam e decide bater em sua porta, se convidando para passar a noite ali.

Apesar do flerte inicial, Adam recusa a proposta de Harry e, após dispensá-lo de sua soleira, volta a trabalhar em seu novo projeto: um texto sobre seus falecidos pais, mortos em um acidente de carro quando ele tinha doze anos.

No dia seguinte, ainda envolto pelas lembranças do passado, o roteirista decide visitar a casa em que morava na infância e, para sua surpresa, reencontra seu pai e mãe (interpretados por Jamie Bell e Claire Foy) vivendo normalmente e “congelados” na mesma idade da época em que morreram.

Adam encontra o amor nos braços de Harry (Imagem: Divulgação/
Searchlight Pictures)

A partir daí, Adam passa a se reencontrar recorrentemente com seus pais, tendo a chande de conhecê-los de forma mais profunda e de permitir que eles o conheçam agora na pele de um homem adulto gay. Isso, ao mesmo tempo em que também decide dar uma chance para Harry e abrir seu coração para viver um grande amor, repleto de atenção e cumplicidade.

O amor que cura

Com doçura e uma trilha sonora inesquecível — marcada pela música Always on My Mind do Pet Shop Boys —, o filme trata então de mostrar o caminho empreendido por Adam para se reconectar aos seus pais e, através desse contato, se recuperar de dores que nem ele mesmo sabia que ainda o afetavam tanto.

Adam tem a chance de contar para seus pais que é um homem gay (Imagem: Divulgação/
Searchlight Pictures)

Tratando de temas como bullying, sexualidade e aceitação, o filme mostra a jornada do protagonista para acessar sua criança interior e curar feridas que tiveram enorme impacto em sua vida trinta anos depois.

A orientação sexual do personagem, inclusive, ganha ainda mais destaque nessa parte do longa-metragem, não apenas porque Adam tem a chance de se assumir gay para os pais, mas também porque, nos braços de Harry, o escritor finalmente parece se sentir bem na própria pele. Um sentimento que se torna cada vez evidente, especialmente quando notamos como a junção desses dois amores parece curar o personagem.

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Um final doloroso, mas impressionante

Paul Mescal é um dos protagonistas de Todos Nós Desconhecidos (Imagem: Divulgação/
Searchlight Pictures)

Enquanto mergulha nas dores e curas do protagonista, o filme aos poucos também vai introduzindo um certo clima de tensão na história, a princípio até difícil de definir, mas que pouco a pouco ganha cada vez mais projeção.

Com muita inteligência, o diretor Andrew Haigh mescla cenas de emoção com a sensação incômoda de que há algo fora do lugar, a todo momento chamando a atenção do telespectador para algo que está ali, escondido sob a superfície.

Para isso, o diretor alterna entre câmeras muito abertas, que mostram os arranhas-céus de Londres, com planos muito fechados, sempre em close-ups na cara dos personagens. E, claro, faz um jogo muito bonito de luzes florescentes, que durante algumas cenas recaem exclusivamente sobre certos atores.

Final de Todos Nós Desconhecidos tem plot twist chocante (Imagem: Divulgação/Divulgação/Searchlight Pictures)

Tudo isso, no entanto, ainda não é suficiente para preparar o telespectador para o que vem por aí.

Com um final chocante, mas à sua maneira, tão lindo quanto todos os outros dramas trabalhados no filme, Todos Nós Desconhecidos termina inevitavelmente arrancando lágrimas do público e mostrando como o amor pode aparecer nos momentos mais corriqueiros, se materializar das formais mais inesperadas e servir como cura e alento, mesmo daquilo que não sabemos. 

Profundo e visceral, o longa-metragem é mesmo uma das grandes surpresas do ano.

Leia a matéria no Canaltech.

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