RECORDAR ENSINA – E segue o governo aos trancos e barrancos

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O governo perdeu com a decisão do Senado de aprovar o salário mínimo de R$ 275,00. Mas, dentro do governo, quem mais perdeu foi o presidente da República. Primeiro, porque se expôs além da conta distribuindo afagos e acenando com favores em troca de votos que não obteve. Segundo, porque a derrota do mínimo de R$ 260,00 derivou em boa parte das desavenças que grassam em torno dele.

Lula está mais rouco do que já é de tanto pedir paz à sua equipe. Não é escutado e não se faz escutar.

Com que autoridade ele pode cobrar obediência a seus aliados se não lhe obedecem os ministros e líderes do seu partido? O ministro José Dirceu briga com o ministro Luiz Gushiken, diverge da política econômica do ministro Palocci e trava um duelo de morte com o ministro Aldo Rebelo.

O senador Aloízio Mercadante tem diferenças com Palocci e com o deputado João Paulo, presidente da Câmara. José Genoíno, presidente do PT, fecha com Dirceu contra Rebelo e faz reparos à atuação de Palocci.

Lula tenta levar o barco como se todos ali remassem na mesma direção: dá ordens, perde a paciência, aplica carões inesquecíveis, ameaça perder o controle, mas fica nisso. Somente nisso. Não quer se livrar de nenhum dos seus auxiliares mais próximos, embora reconheça que será difícil conservá-los se insistirem em continuar brigando. Enquanto isso…

Bem, enquanto isso o governo perde prestígio e tempo porque nada anda ou tudo anda devagar. E perde também quando algumas coisas começam a andar melhor. As escassas boas notícias produzidas pelo governo se apagam diante das inúmeras trapalhadas que ele produz dia sim, dia não.

Ora é a disputa entre José Dirceu e Rebelo pela Coordenação Política do governo que ocupa a mídia e emperra a administração, ora é a insólita história da descoberta de supostos espiões agindo dentro do Palácio do Planalto, ora é a repetição do chamado fogo amigo que teima em atingir a política do ministro da Fazenda, ora é o próprio Lula que se empolga com as palavras e diz sandices.

Dificilmente, Lula mexerá no seu time antes das eleições municipais. Pensa que seria temerário. E ainda não enxerga com clareza o que deve fazer. Até lá, conduzirá o governo do jeito que pode – apesar de não gostar do jeito como ele está.

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