Transversalidade midiática: digital influencia no consumo de cultura

Ao contrário do que dizem as más línguas, as redes sociais criaram uma nova conexão entre as pessoas e as manifestações culturais. “A era da desinformação”, “é quase uma lavagem cerebral”, “ninguém mais lê um livro, ninguém se aprofunda em nada”, “as pessoas pararam de estudar”. Pelo menos uma vez você deve ter escutado alguma crítica pesada dessas quando se fala da relação entre redes sociais e cultura.

Sabemos que a internet não é um mar de rosas, mas você já parou pra pensar em como o digital influenciou – e influencia – positivamente no cenário cultural?

A transversalidade midiática proporcionada pelo digital aparece como uma força transformadora na maneira como consumimos e compartilhamos diferentes tipos de manifestações culturais.

TikTok, Instagram, YouTube e Spotify têm redefinido não só a forma como nos relacionamos com esporte, cinema, música, games, entre outros, mas também ampliado significativamente o alcance do público-alvo, facilitando (e muito) o acesso.

Quando a gente pensa nos grandes eventos que ocorreram em 2023, fica evidente que o consumo cultural está em ascensão no Brasil.

A Bienal do Livro, por exemplo, bateu recorde de visitantes e de vendas, com média de 9 obras adquiridas por pessoa. Outro hit foi a CCXP (Comic Con Experience), que teve recorde de público na sua edição especial de 10 anos, com 287 mil visitantes nos 5 dias de evento. Não para por aí, no universo de games, a BGS (Brasil Game Show), também estabeleceu um novo recorde de público com mais de 328 mil pessoas.

E pode ter certeza que o digital teve grande influência nesses números.

Seja por meio dos criadores de conteúdo, que influenciam com perfis dedicados à cultura, com resenhas rápidas de livros, filmes e séries no Instagram ou no TikTok, com discussões aprofundadas em podcasts e até em campeonatos de eSports.

As plataformas digitais permitem que a influência cultural seja capaz de transcender as fronteiras tradicionais.

Só na internet acontece uma convergência de todos os diferentes tipos de mídia, como livros, séries, filmes, games, música etc. E todos os dias temos acesso a milhares de conteúdos sobre todos esses segmentos, gerando muito interesse e pessoas cada vez mais apaixonadas por cultura.

Independentemente da plataforma, as redes sociais hoje são uma verdadeira ponte que conecta diferentes formas de expressão cultural e diferentes perfis de público.

Ao refletirmos sobre esses eventos que bombaram com edições históricas em 2023 que cito no texto, enxergamos que a transversalidade midiática não apenas ampliou o alcance do consumo cultural, mas também enriqueceu a experiência desse segmento como um todo.

O Brasil testemunha uma transformação na maneira como as histórias são contadas, como os conhecimentos são compartilhados e na forma como as marcas se inserem no tecido cultural.

O desafio agora é abraçar esse fenômeno de maneira consciente, garantindo que a diversidade de vozes e perspectivas culturais continuem a florescer em meio a esse cenário nem sempre tão florido que define a era contemporânea.

Clarissa Sá é diretora de criação da agência de publicidade BKR.

 

 

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