Dois tipos de micróbios diferentes foram encontrados nas águas termais do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, mas eles estão longe de serem organismos normais — eles produzem metano, o que os cientistas só haviam visto anteriormente em bactérias Euryarchaeota.
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- Fontes naturais também são responsáveis pelo aumento de metano na atmosfera
A produção de metano e seu impacto por ser um gás do efeito estufa têm sido colocados na conta das vacas e de outros animais que emitem gases, mas o verdadeiro responsável são os Euryarchaeotas unicelulares que habitam o sistema digestivo dos mamíferos. Eles seriam os únicos produtores de metano como parte de seu ciclo de vida natural.
Há uma década, no entanto, cientistas encontraram genes responsáveis pela produção da enzima metil-coenzima M redutase (MCR) em fontes termais, como a de Yellowstone. Já sabíamos que criaturas produtoras de metano usavam essa enzima, mas era evidente que outro organismo seria o responsável — só não se sabia qual.
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Novas bactérias e o metano
Para estudar o caso, cientistas da Universidade de Montana recolheram amostras das fontes de Yellowstone cuja temperatura variava entre 61 ºC e 72 ºC, ou seja, onde viveriam apenas extremófilos, seres confortáveis com ambientes muito quentes, ácidos ou salinos. Embora seja difícil cultivá-los em laboratório, os pesquisadores tiveram sucesso.
Isso revelou dois grupos novos de microorganismos, nomeados na pesquisa de Methanomethylicia e Methanodesulfokora, capazes de produzir metano (metanógenos). Eles só não foram os primeiros Euryarchaeota do mundo a produzirem metano porque outra equipe de cientistas sino-neerlandeses curiosamente estava cultivando uma variante de Methanomethylicia ao mesmo tempo.
As equipes acabaram colaborando e submeteram seus estudos à mesma revista científica simultaneamente, a Nature, rendendo três estudos diferentes. O que surpreendeu os pesquisadores foi que a bactéria, apesar de preferir o calor, não é restrita a ambientes extremos, mas também consegue sobreviver em outros lugares.
Ela foi identificada em estações de tratamento de água e em campos de petróleo, de onde veio a amostra chinesa, estudada pela Universidade de Wageningen e o Instituto Biogas da China. Estômagos de ruminantes e terras úmidas também abriam a Methanomethylicia.
Os cientistas teorizam que a bactéria consiga crescer produzindo metano, mas possua outro mecanismo para crescer e sobreviver, embora não se saiba qual, quando ele é usado ou o porquê. Caso isso seja descoberto, abre-se uma porta para tentar fazer o organismo parar de produzir metano, ajudando a diminuir a presença de gases do efeito estufa na atmosfera.
Outro aspecto curioso é a presença de tubos ligando a célula de uma bactéria à de outra, mecanismo desconhecido à ciência. Talvez sejam usados para transportar DNA ou elementos químicos, e talvez seja uma etapa preparatória para a formação de uma criatura multicelular. Estudar os novos seres deve render diversas descobertas interessantes à ciência nos próximos anos.
Leia a matéria no Canaltech.
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