Parece que Marte pode afetar oceanos da Terra em ciclos

A dança orbital entre Marte e a Terra parece causar alguns efeitos nas profundezas dos oceanos por aqui. Em um estudo de cientistas da Universidade de Sidney e Sorboness, eles analisaram registros geológicos do fundo dos oceanos e descobriram neles uma conexão entre as órbitas dos dois planetas. 

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Segundo o estudo, as interações gravitacionais entre ambos causam mudanças cíclicas nas correntes marítimas a cada 2,4 milhões de anos, surpreendendo Adriana Dutkiewicz, autora que liderou o estudo. “Só existe uma forma de explicar [os ciclos]: eles estão ligados aos ciclos nas interações entre Marte e a Terra enquanto orbitam o Sol”, disse.

Nos últimos anos, os cientistas identificaram o que ficou conhecido como “grande ciclo”. Trata-se de um padrão de 2,4 milhões de anos relacionado às órbitas de Marte e da Terra, mas com evidências escassas. Por aqui, o auge dos ciclos representam períodos de maior radiação solar e aquecimento climático — sem relação com as mudanças climáticas causadas pela ação humana, vale lembrar. 


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Novo estudo mostra relação entre as órbitas da Terra e de Marte e a aceleração das correntes marítimas (Imagem: Reprodução/AS IS/Pixabay)

Já se sabe que a gravidade dos outros planetas do Sistema Solar pode afetar a trajetória da Terra ao redor do Sol, deixando-a mais alongada. Por isso, Dutkiewicz e seus colegas estudaram algo diferente: eles tentaram descobrir se as correntes no fundo dos oceanos aceleram ou desaceleram quando o clima é aquecido. 

Após analisar 239 perfurações no fundo do oceano em todo o mundo, descobriram evidências de 387 rompimentos nos sedimentos, que parecem ter ocorrido nos últimos 70 milhões de anos. Esta quebra sugere que maior velocidade nas correntes marítimas, enquanto sedimentos estáveis indicam condições mais tranquilas. 

Basicamente, a presença ou ausência do depósito de sedimentos no fundo dos oceanos corresponde aos períodos em que Marte exerce maior força gravitacional na Terra, afetando levemente a estabilidade orbital do nosso planeta. O resultado disso seriam mudanças na incidência de radiação solar e no clima, que levariam a correntes oceânicas mais fortes. 

Durante os ciclos de 2,4 milhões de anos, a Terra recebe mais radiação solar (Imagem: Reprodução/goinyk/Envato)

Matthew England, da Universidade de New South Wales, acredita que os resultados são importantes para a compreensão dos ciclos climáticos em escala geológica, mas não se convenceu. “Sou cético em relação à ligação com Marte, já que sua força gravitacional sobre a Terra é tão fraca — só cerca de um milionésimo da força gravitacional do Sol”, diz. “Até Júpiter tem um campo gravitacional mais forte para a Terra”, acrescentou. 

Para ele, mesmo que Marte esteja exercendo influência, ela não é nada se compararmos às mudanças climáticas causadas pela ação humana. “Forçar os gases de efeito estufa é como uma marreta em comparação, portanto, isso não tem relação com o clima atual, onde estamos vendo o derretimento das camadas de gelo reduzir a circulação dos oceanos.”

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Communications. 

Leia a matéria no Canaltech.

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