O grupo extremista Hamas acusou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de colocar novas condições nas negociações sobre a Faixa de Gaza, dificultando a implementação de um cessar-fogo. As informações estão em um documento ao qual o Metrópoles teve acesso nesta terça-feira (20/8).
De acordo com o grupo palestino, a nova proposta apresentada pelo Estados Unidos na última rodada de negociações no Catar contraria os termos de um acordo sugerido por Joe Biden, em maio.
Segundo o documento, as principais alterações na proposta dizem respeito à retirada de tropas da Faixa de Gaza e da fronteira com o Egito, além de alterações no acordo de troca de prisioneiros. Além disso, Tel Aviv teria vinculado o acesso de ajuda humanitária e a reconstrução do enclave às condições acima citadas.
O teor das novas negociações não vieram a público até o momento.
Dificuldade nas conversas
No fim de semana, o Hamas recusou oficialmente a nova proposta de cessar-fogo discutida em Doha, sob mediação do Catar, EUA e Egito. Já mostrando insatisfação com as negociações, o grupo palestino não enviou representantes para a reunião.
A principal reivindicação do grupo é a implementação de uma proposta apresentada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, nos primeiros meses do ano.
Entre os principais pontos da sugestão estavam a retirada de tropas israelenses do território palestino por seis semanas, a troca de reféns por prisioneiros palestinos e um cessar-fogo.
Após a proposta ser aprovada como uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, a tentativa de implementar um cessar-fogo entre Israel e Hamas seguiu travada.
Ambos os lados passaram a se acusar mutuamente de mudanças no acordo.
Washington expressa otimismo
Apesar da dificuldade em colocar a proposta em prática, o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken, expressou otimismo quanto a conclusão das negociações.
Durante visita a Israel, Blinken afirmou que o teor da nova proposta apresentada no Catar satisfez as necessidades da administração Netanyahu, que teria aceitado os termos apresentados na reunião.
Contudo, o primeiro-ministro israelense já deixou claro, algumas vezes, que não pretende retirar as tropas israelenses da Faixa de Gaza. Netanyahu também já comentou que a guerra no enclave só terminaria após o extermínio do Hamas, o que obrigaria Israel manter incursões militares na região.
O Metrópoles procurou o governo de Israel para esclarecer as acusações do Hamas, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.