O dilema dos vários tons de cinza da direita paulista

Uma vez que Pablo Marçal (PRTB) só cresce a cada pesquisa de intenção de votos publicada até aqui, os paulistas de punho renda, envergonhados com a possibilidade de que ele vá para o segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL), começam a suplicar à Justiça Eleitoral que os poupe de tamanho constrangimento.

De fato, o candidato, no país de “se a eleição fosse hoje”, é um ser abjeto, marginal e oportunista, que desconhece os problemas da capital paulista, que não faz a mínima ideia de como enfrentá-los, e que não está, portanto, à altura do cargo que cobiça. Mas como fazer para tirá-lo do meio do caminho dos demais candidatos?

A Justiça precisa atuar “com celeridade, de modo a tomar decisões antes da abertura das urnas”, defendem muitas vozes no meio político e jurídico. Mas também com “autocontenção”. Como combinar “autocontenção” com celeridade na tomada de decisões? O editorial de hoje do jornal Folha de S. Paulo adverte:

“Na democracia, cabe aos eleitores, não a magistrados, definir quem serão os governantes. Idealmente, portanto, as cortes deveriam reservar inabilitações e cassações a raras e extremas situações.”

O editorial não diz se o caso Marçal caracteriza uma situação extrema capaz de justificar inabilitação ou cassação da chapa. A primeira instância da justiça recusou um pedido de cassação. Outros esperam para ser julgados. Alguns tons da direita paulista já aderiram a Marçal, outros se recusam a beber desse cálice.

Boulos é o único candidato com lugar garantido no segundo turno. Mas se Marçal conseguir garantir o seu? Qual será a escolha da direita paulista dita civilizada e daqueles que batem no peito e se apresentam como liberais? Ô Justiça, sempre tão criticada por se meter onde não deveria: meta-se pelo menos mais uma vezinha!

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