Organismo “impossível” é elo perdido entre procariontes e eucariontes

Na Alemanha, pesquisadores da Universidade de Jena descobriram um organismo “impossível” pelas regras da biologia. Apelidada de Candidatus Uabimicrobium helgolandensis, a bactéria é um elo perdido entre os procariontes e os eucariontes, como aponta artigo publicado na revista mBio.

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  • Evento evolutivo ultra-raro permite fusão de duas formas de vida

Para entender a importância da descoberta, vale lembrar que os organismos procariontes são aqueles que têm uma estrutura interna mais simples, sem um núcleo no interior da célula. Normalmente, são unicelulares e estão entre os primeiros habitantes do planeta. 

Já os eucariontes são mais complexos, apresentando núcleo e organelas, como a mitocôndria (fábrica de energia da célula). Hoje, há um entendimento na biologia de que os primeiros organismos eucariontes eram procariontes, mas ganharam complexidade ao “engolir” outros, há bilhões de anos. 


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A principal teoria é que o organismo engolido se tornou uma mitocôndria e, assim, foi possível obter energia suficiente para as células ganharem a complexidade observada atualmente em muitas formas de vida.

Na primeira sequência de imagens (A), os cientistas observam o processo semelhante à fagocitose de bactérias circundantes pelo organismo “impossível”, sendo que  as setas brancas indicam a bactéria presa sendo internalizada (Imagem: Wurzbacher et al., 2024/mBio)

No entanto, a hipótese da fagocitose (quando a célula “engole” partículas grandes) era questionada justamente pela questão energética. Sem mitocôndria e, consequentemente, sem energia, como os procariontes conseguiram se fundir a outros organismos? A resposta ainda não está clara, mas a descoberta do organismo impossível traz novos insights para o debate.

Organismo impossível, eucariontes e procariontes

Em uma primeira análise, as bactérias Candidatus Uabimicrobium helgolandensis são parecidas com amebas eucariontes, mas, ao examinar em detalhe, elas têm particularidades próprias. 

“O filo bacteriano Planctomycetota intriga os microbiologistas há anos, com alguns sugerindo que essas bactérias representam um ‘elo perdido’ entre células procariontes e eucariontes”, explicam os autores, no artigo. 

Entre as maiores particularidades, está a capacidade desse organismo em conseguir incorporar outras células (e organismos), através de um processo semelhante à fagocitose. Sim, elas conseguem obter energia para isso, dando um novo impulso à teoria associada à origem dos eucariontes.

“O enriquecimento desta cepa [através da fagocitose] indica que pode haver micróbios ‘impossíveis’ por aí, não captados por análises metagenômicas. Tais organismos têm o potencial de desafiar nossa compreensão da natureza”, reforça a equipe.

Agora, “ao sequenciar o genoma do Uabimicrobium helgolandensis, também conseguimos desenvolver novas hipóteses sobre o mecanismo molecular de absorção de bactérias ‘presas’ [ou ‘engolidas’]”, explica Christian Jogler, pesquisador alemão e autor do estudo, em nota.

Bactérias desse mesmo filo já foram encontradas em pesquisas no Mar Báltico (norte da Europa) e no Japão. Entretanto, este é o primeiro estudo a confirmar a sua capacidade de fusão.

Recentemente, pesquisadores norte-americanos fizeram outra descoberta que ajuda a reescrever a origem dos eucariontes e da vida animal. Neste caso, descobriram organismos unicelulares que se organizam em colônias e vivem em constante simbiose com bactérias, como se fossem o “corpo maior”.

Leia a matéria no Canaltech.

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