Os locais de votação abriram nesta sexta-feira (15/3) no extremo leste da Rússia, dando início a uma eleição presidencial que vai durar três dias, na qual o presidente Vladimir Putin, no poder há 24 anos, busca um novo mandato.
A votação começou às 8h locais (17h da quinta-feira em Brasília) na península de Kamchatka, no extremo leste do país, e termina no domingo às 20h locais de Kaliningrado (15h em Brasília), um exclave russo situado entre Polônia e Lituânia.
Os eleitores do extremo leste começaram a votar quando os cidadãos da parte ocidental se preparavam para dormir no país que conta com 11 fusos horários.
A votação transcorrerá durante os três dias, inclusive nos territórios ocupados na Ucrânia e na Transnístria, região separatista pró-russa da Moldávia.
Putin conclamou seus compatriotas a não se “desviarem do caminho” e a demonstrarem, nas eleições em que nenhum outro político de peso concorre, uma posição “patriótica” para “confirmar nossa unidade e determinação de seguir em frente”. O único opositor real que tentou registrar sua candidatura, Boris Nadezhdin, foi vetado pela Comissão Eleitoral.

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Vladimir Vladimirovitch Putin é o atual presidente da Rússia. No poder há 20 anos, desde a renúncia de Boris Yeltsin, Putin é conhecido por apoiar ditadores e declarar oposição ferrenha aos Estados Unidos
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Pertencente a uma família de operários, Vladimir cresceu em uma periferia russa, em São Petersburgo, e sonhava ser espião
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Formou-se em direito e, em seguida, entrou para o serviço secreto russo, a KGB, em 1975
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Tempos depois, iniciou vida política como vice-prefeito de São Petersburgo. Em 1999, tornou-se primeiro-ministro e, no ano seguinte, após a renúncia do então presidente, Boris Yeltsin, foi eleito presidente da Rússia
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Pouco depois de assumir a presidência, liderou com êxito tropas russas ao ataque à Chechênia, durante a 2ª Guerra da Chechênia, o que o fez crescer em popularidade
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Em 2004, Putin foi reeleito e, em seguida, assinou o protocolo de Kyoto, documento que o tornou responsável por reduzir gases-estufa liberados pela Rússia
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Seguindo a Constituição russa, que o impedia de exercer mais de dois mandatos consecutivos, o ex-KGB apoiou o seu primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, nas eleições que o sucederiam
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Em 2012, no entanto, voltou a ser eleito para novo mandato de seis anos, mesmo com forte oposição
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O líder russo Vladimir Putin diz que não irá recuar e desafia a comunidade internacional
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No ano seguinte, apoiou a guerra que aconteceu na Síria e enviou militares para ajudar o regime do presidente sírio, Bashar Al Assad
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Apesar de toda desaprovação mundial diante de atos de guerra, Putin conseguiu se eleger em 2018 para mais seis anos, com vantagem expressiva em relação aos adversários
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Devido à lei que sancionou em 2021, Putin poderá concorrer nas duas próximas eleições e, se eleito, ficar no poder até 2036
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Recentemente, após exigir que o Ocidente garantisse que a Ucrânia, que faz fronteira com território russo, não se juntaria à Otan, reformou a inimizade entre os países
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O conflito, que acendeu alerta mundial, ganhou novos capítulos após Putin ordenar, no dia 25 de fevereiro de 2022, que tropas invadissem a Ucrânia utilizando armamento militar
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Apesar dos avisos de sanções por parte de outras nações, o presidente russo prosseguiu com a intentada e deu início à guerra
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Sem adversários
No poder desde o ano 2000, Putin tem três adversários de pouca relevância, que não expressam oposição à ofensiva na Ucrânia nem à dura repressão contra os dissidentes, que resultou na morte na prisão, em fevereiro, do principal crítico do Kremlin, Alexei Navalny.
As autoridades russas anunciaram que a morte ocorreu de causas naturais, mas a equipe do opositor denuncia que foi um assassinato.
A viúva de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, que vive no exílio e prometeu dar continuidade à sua luta, convocou os russos a votarem em qualquer candidato, exceto Putin. As mulheres dos soldados russos enviados para a Ucrânia, que pedem seu retorno, aderiram ao apelo.
Mas ninguém tem dúvidas da reeleição de Putin. A votação permitirá que ele permaneça no poder até 2030 e, após uma reforma constitucional, poderá ser candidato novamente e seguir no comando do país até 2036, quando terá 84 anos.
A Procuradoria de Moscou alertou que não toleraria nenhum tipo de ação de protesto durante a votação.
Nos territórios ucranianos anexados, a votação antecipada começou nos últimos dias de fevereiro. A diplomacia ucraniana pediu que a comunidade internacional rejeite o resultado dessa eleição, que classifica como uma “farsa”.
Ataques à Rússia vindos da Ucrânia
Novas incursões terrestres vindas da Ucrânia e ataques com drones deixaram pelo menos dois mortos na Rússia na quinta-feira (14/3).
A Guarda Nacional da Rússia (Rosgvardia) afirmou ter repelido, junto com o Exército e a guarda de fronteira, um ataque de um grupo de “sabotadores” perto da localidade de Tyotkino, no oblast (província) de Kursk, que faz fronteira com a Ucrânia.
Na terça-feira, ataques semelhantes foram realizados nessa cidade por combatentes russos pró-ucranianos, que, segundo o Kremlin, foram dizimados.
Nessa quinta, uma dessas milícias, a “Legião da Liberdade da Rússia”, pediu aos civis que esvaziassem a área e prometeu “libertar as províncias russas” de Belgorod e Kursk. Em paralelo, os ataques com drones se multiplicam a centenas de quilômetros da linha de frente.
A província de Belgorod e sua capital homônima foram alvos desses ataques. Dois civis morreram e pelo menos 19 ficaram feridos nesta quinta-feira, segundo as autoridades da província, que anunciaram o fechamento temporário dos centros comerciais para evitar novas vítimas.
Putin contra Ocidente
Putin, que apresenta o conflito como uma guerra contra o Ocidente na qual a Rússia busca sua sobrevivência, evocou os “tempos difíceis” que os russos vivenciam, sem dar detalhes.
A economia russa, afetada pelas sanções internacionais, resiste, mas teve que ser reorientada para o esforço de guerra e a indústria militar. Moscou imaginava que o ataque contra a Ucrânia duraria alguns dias ou talvez semanas, mas o conflito acaba de completar dois anos.
A Rússia conseguiu recuperar a dianteira no front, em parte devido à falta de impulso da ajuda ocidental à Ucrânia, e Putin destaca recentes conquistas, como a tomada da cidade de Avdiivka em fevereiro.
Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que os países da aliança militar não estavam fornecendo “munições suficientes” a Kiev e que isso tinha “consequências diárias no campo de batalha”.