DF: fumaça e baixa qualidade do ar comprometem noites dos brasilienses

Nos últimos 15 dias, o Distrito Federal sofreu com dois intensos e preocupantes incêndios em vegetação, além de diversos outros registros de queimadas criminosas. No momento em que a capital do país e outras unidades federativas enfrentam a pior seca da história, os brasilienses continuam a sofrer com a fumaça e a fuligem presentes na atmosfera, especialmente durante a noite.

Por volta da 1h desta sexta-feira (20/9), o nível de poluentes no ar estava mais de sete vezes acima do nível de referência anual definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo os sites de monitoramento da qualidade do ar AQICN.org e IQAir.

Ainda segundo as plataformas, a concentração de partículas finas do tipo PM 2,5 – material leve e minúsculo o suficiente para permanecer suspenso no ar, capaz de gerar riscos à saúde em curto e longo prazos em caso de inalação – registrou um índice médio de 35,9 µg/m³ entre 0h e 5h. A média “ideal” definida pela OMS é de 5 µg/m³ em um ano.

Pior durante a noite

Entre as principais regiões do DF que sofrem, atualmente, com a baixa qualidade do ar estão o Lago Norte, o Noroeste e as últimas quadras da Asa Norte. Isso porque as três estão mais próximas ao Parque Nacional de Brasília, cujo incêndio, embora esteja controlado, ainda não foi extinto, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Na residencial da 116 Norte, por exemplo, alguns moradores tiveram de deixar os apartamentos e passar a noite em hotéis ou na casa de parentes para escaparem da fumaça. Morador da quadra há mais de 24 anos, o servidor público Jean Ferreira, 50, relatou que os dias não têm sido fáceis na região.

“Não tem para onde correr. Durante o dia, até fica mais tranquilo, mas, à noite, é difícil aguentar permanecer em casa. Mas não tem jeito, não há como sair”, lamentou.

A aposentada Elise Coelho, 72, mora no Lago Norte e, mesmo neste período de recordes de calor anuais no DF, passou as últimas noites com todas as janelas de casa fechadas, para tentar impedir a entrada da fumaça no imóvel. “Tem sido terrível. Nunca vi coisa igual”, desabafou.

Elise também reclamou sobre as inúmeras queimadas criminosas nesta época do ano. “Acho que essas pessoas [que iniciam incêndios em vegetações] não entendem que aquilo não afeta só a elas ou às famílias delas, mas a todos nós. Precisamos aumentar nossa consciência de que a natureza está pedindo socorro”, alertou.

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