Advogado que agrediu mulher em briga por cão é condenado à prisão

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou a quatro meses de prisão, em regime inicialmente semiaberto, o advogado Cledmylson Lhayr Feydit Ferreira  por lesão corporal. O homem é acusado de ter agredido uma mulher, também advogada, após ser repreendido por andar com o cão sem coleira nem guia. O episódio aconteceu em março de 2023.

Inicialmente, o réu foi condenado em primeira instância a quatro meses de detenção, em regime aberto, por agredir Giselle Piza de Oliveira, após a discussão. Contudo, devido a reincidência do advogado, a Justiça mudou o regime para semiaberto.

A defesa de Cledmylson alegou ausência de dolo e legítima defesa. No entanto, as provas, incluindo depoimentos e gravações, mostraram que ele iniciou as agressões, desferindo socos e tapas, e impediu que a mulher filmasse o incidente.

“As circunstâncias constatadas nos autos demonstram que o autor agiu com o objetivo de agredir a vítima, tanto que desce do carro e parte em sua direção, agredindo-a, o que, por si só, é suficiente para afastar a tese defensiva de legitima defesa”, contestou a juíza de direito Rita de Cássia de Cerqueira.

No processo, o réu também argumentou que a ofensa foi mínima e que não havia necessidade de ação penal. Todavia, o pedido do réu para desclassificar o crime para vias de fato foi negado.

Por sua vez, a vítima também recorreu pedindo um aumento na pena, que também não foi aceito pela Justiça.

“Quanto à dosimetria da pena realizada pela sentença, verifica-se que foram observados adequadamente os parâmetros legais, motivo pelo qual não se mostra possível o acolhimento do pedido da assistente de acusação. Por outro lado, considerando que acusado é reincidente em crime doloso, deve ser fixado o regime inicial semiaberto para o cumprimento da pena”, decidiu a magistrada.

A decisão não cabe mais recurso no TJDFT.

Cão pivô de briga

O advogado foi detido por agredir uma advogada com socos e derrubá-la em um estacionamento no Sudoeste, área nobre do Distrito Federal, no dia 20 de março de 2023. O ataque ocorreu depois de uma discussão sobre cães.

A vítima, Giselle Piza, disse que seu agressor, Cledmylson Ferreira, estava com o cachorro solto. Dona de um shih-tzu, ela alertou o homem sobre o risco de acontecer um ataque, já que o pet dele, um cotton tullear, é bem maior e estava sem focinheira. Em seguida, a mulher chamou a polícia.

Veja imagens da agressão:

5 imagens

Eles discutiram por causa de focinheira de cachorro

Gizelle sugeriu que ele usasse coleira e focinheira em pet
Advogada levou socos e chutes, além de ser derrubada no chão
Ela sofreu escoriações pelo corpo e está abalada psicologicamente
1 de 5

Gizelle foi agredida quando pegou o celular para tirar foto da placa do carro do homem

Reprodução

2 de 5

Eles discutiram por causa de focinheira de cachorro

Reprodução

3 de 5

Gizelle sugeriu que ele usasse coleira e focinheira em pet

Reprodução

4 de 5

Advogada levou socos e chutes, além de ser derrubada no chão

Reprodução

5 de 5

Ela sofreu escoriações pelo corpo e está abalada psicologicamente

Reprodução

Cledmylson tentou fugir, e Giselle pegou o celular para fotografar a placa do carro dele. Ao ver que a mulher estava gravando, o homem tomou o celular das mãos de Giselle e a agrediu.

Testemunhas filmaram o momento da agressão. Giselle levou dois socos no rosto, foi puxada pelos cabelos e derrubada no chão. Ela chegou a entrar no carro do advogado para impedir que ele fugisse do local.

Cachorro agressivo

Desde 2019, o dono do cão, o advogado Cledmylson, é alvo de diversas ocorrências policiais, a maioria devido ao comportamento agressivo do cachorro e do tutor.

Nas redes sociais, Pipoca “posta” fotos e vídeos chamando Cledmylson de “mordomo”. O pet aparece passeando no lago e cercado de carros importados e até mesmo ao lado de uma aeronave.

Em fevereiro do ano passado, Cledmylson foi denunciado por um policial após acidente de trânsito. De acordo com a ocorrência registrada da 5ª Delegacia de Polícia (área central), o advogado dirigia com o braço para fora do veículo. O cão do suspeito também estava pendurado na janela. Com a visão do retrovisor comprometida, o advogado teria fechado o carro do policial e fugido.

 

5 imagens

Em postagens no Instagram, pet aparece solto e sem focinheira

Pipoca tem rotina registrada em perfil
Tutor leva cão em lojas de carros e motos
Pipoca é da raça cotton de tulear
1 de 5

Cão Pipoca e o tutor se envolveram em confusões

Reprodução/Instagram

2 de 5

Em postagens no Instagram, pet aparece solto e sem focinheira

Reprodução/Instagram

3 de 5

Pipoca tem rotina registrada em perfil

Reprodução/Instagram

4 de 5

Tutor leva cão em lojas de carros e motos

Reprodução/Instagram

5 de 5

Pipoca é da raça cotton de tulear

Reprodução/Instagram

Em novembro do mesmo ano, o advogado foi denunciado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam I), na Asa Sul, por lesão corporal e injúria racial. De acordo com a vítima, uma mulher de 55 anos, ela estava com um grupo de sete pessoas, na entrequadra QRSW 2/3, com os seus respectivos cachorros, quando Pipoca, sem coleira e longe do tutor, se aproximou e começou a tentar mordê-la.

O caso mais antigo é de 2019. À época, uma outra vítima contou à polícia que deixava seu apartamento e caminhava pelo corredor quando deu de cara com Pipoca, que passou a cheirar suas pernas. O advogado, que tomava café no refeitório na companhia de um funcionário do prédio, deu um alerta ao seu cão: “Vem Pipoca, vem! Não morda esse merda, você vai pegar um câncer”.

A reportagem tentou contato com Cledmylson, que informou por meio de mensagem que “sobre o assunto em questão, ainda cabe recurso ao Supremo Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.