Após alta de mortes, governo traça novo plano para a crise Yanomami

O governo federal planeja ampliar as ações permanentes dentro da terra indígena Yanomami em decorrência das crises de saúde e humanitária. As comunidades locais são vítimas do impacto devastador do garimpo ilegal dentro dos seus territórios.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou, no início deste ano, que os Yanomamis serão tratados como uma “questão de Estado”. O petista enfatizou a importância da preservação da cultura e do modo de vida das comunidades em meio à invasão de criminosos. Apesar dos esforços e das promessas, as mortes registradas entre os Yanomami sobiram de 343 em 2022 para 363 em 2023, sob Lula.

“Vamos tratar a questão indígena e a questão dos Yanomami como uma questão de Estado, ou seja, nós vamos ter que fazer um esforço ainda maior, utilizar todo o poder que a máquina pública pode ter, porque não é possível que a gente possa perder uma guerra para garimpo ilegal, para madeireiro ilegal”, afirmou Lula, em reunião com ministros em 9 de janeiro.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (PSol-SP), irá acompanhar as ações no território protegido na próxima semana, entre 28 e 29 de fevereiro. O intuito é anunciar novas medidas para proteção dos Yanomamis.

Em entrevista coletiva nessa quinta-feira (22/2), Guajajara comentou sobre as morte de indígenas Yanomamis no ano passado e reforçou que o governo está presente, mas que há complexidade no território para o avanço das operações.

Saúde indígena

A terra Yanomami registrou 363 mortes no ano passado, número maior do que aquele notificado em 2022, quando 343 pessoas perderam a vida dentro do território protegido.

O Ministério da Saúde tem defendido que há uma subnotificação dos casos, tanto nas mortes do ano passado, como naquelas notificadas durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), de 2019 a 2022.

“Temos a certeza de que temos subnotificação, mas, agora, sabemos que temos, sabemos onde temos, e temos o diagnóstico do que está acontecendo no território — o que é diferente nos anos anteriores. Agora podemos dizer onde estão os vazios existenciais e quais as necessidades”, disse secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel.

A pasta de Nísia Trindade prometeu a construção e reforma de 22 Unidades Básicas de Saúde em 2024. O Ministério da Saúde pretende iniciar as ações para a construção do primeiro hospital indígena em Boa Vista, capital de Roraima.


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De acordo com o Ministério da Saúde, o número de profissionais na terra indígena Yanomami passou de 690 em 2022 para 1.058 em 2023. Com isso, tem sido ampliado o atendimento na região, o que deve ser intensificado com a construção de novas unidades de saúde.

“No cenário de 2022, nós acabamos herdando um território com sete polos-base fechados. São polos importantes, que têm um conjunto de aldeias indígenas desassistidas, sem nenhum tipo de assistência à saúde indígena. Nós passamos a atuar em um território invadido por mais de 30 mil garimpeiros e a partir daí nós tivemos uma ação de ‘desintrusão’ daquele território para garantir o retorno das condições de vida naquele território”, reforçou o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.

Ainda em janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, comunicou que será construída uma Casa de Governo permanente para gerenciar presencialmente medidas para evitar a invasão à terra Yanomami.

A Casa de Governo será composta pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Ministério dos Povos Indígenas, Ministério do Meio Ambiente, Polícia Federal (PF), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), entre outros.

As ações que o governo federal planeja implementar irão contar um orçamento emergencial de R$ 1,2 bilhão.

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