Como os europeus extinguiram quase todos os cachorros nativos da América

Com a colonização europeia nas Américas, quase todos os cães nativos acabaram extintos, especialmente na América do Norte, onde quase todas as linhagens maternas desapareceram, sendo substituídas por linhagens do continente europeu.

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Em termos arqueológicos, no entanto, os cientistas não tinham certeza se os cachorros mais antigos encontrados em território norte-americano tinham origem europeia, indígena ou mista, o que levou a uma nova pesquisa, publicada na revista científica American Antiquity, a avaliar seu DNA mitocondrial (mtDNA), mais especificamente em seis espécimes datados entre 1609 e 1617. 

Cães e a colonização americana

Tanto os nativos americanos quanto os colonizadores europeus estimavam seus cães como animais de companhia, os usando para funções similares e como símbolos de identidade. Isso se refletia, também, nas tensões entre as culturas — os colonizadores descreviam os cães indígenas como “vira-latas”, já que, em sua percepção, os nativos não os cruzavam propositalmente e não se viam como seus donos.


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Os cães nativos-americanos quase foram totalmente extintos pelos colonizadores europeus (Imagem: University of Washington Libraries Digital Collections)
Os cães nativos-americanos quase foram totalmente extintos pelos colonizadores europeus (Imagem: University of Washington Libraries Digital Collections)

Já os nativos viam os cães europeus como uma ameaça direta à sua existência, e tomavam medidas para limitar o uso de cães europeus. Estudos anteriores sugeriam que muitos dos cachorros nativos do continente americano foram erradicados, mas não se sabia se eles haviam sido abatidos, se contraíram doenças ou se a competição “natural” deu a melhor aos cães europeus.

Foi estudada, então, a colônia de Jamestown, no atual estado da Virgínia, Estados Unidos, onde há a maior quantidade de restos arqueológicos de cães e maior evidência de influência indígena. São 181 ossos de 16 cachorros diferentes, sendo que 22 restos foram selecionados por conta de sua dispersão pelo tempo, entre 1607 e 1619. Suas sequências de mtDNA foram extraídas e estudadas.

Em questão de corpo, descobriu-se que a maioria dos cachorros pesava entre 10 e 18 kg, semelhante aos beagles ou schnauzers modernos. Muitos dos ossos tinham sinais de danos causados por humanos, como queimaduras e cortes, bem como outros sinais de abate.

Na falta de alimento, os colonizadores europeus se alimentaram de cães nativos, mas, aparentemente, não os exterminaram logo ao chegar (Imagem: Alaska/Western Canada & United States Collection)
Na falta de alimento, os colonizadores europeus se alimentaram de cães nativos, mas, aparentemente, não os exterminaram logo ao chegar (Imagem: Alaska/Western Canada & United States Collection)

Os pesquisadores acreditam que os colonizadores não tinham comida o suficiente, então provavelmente acabaram se alimentando dos cachorros nativos da região.

Ao menos seis dos cães mostram evidências de ancestralidade nativa, indicando que havia, sim, cães indígenas na região, e que suas linhagens não foram imediatamente erradicadas com a chegada dos europeus, o que começou em 1492.

Curiosamente, os resultados indicam que os colonizadores e as tribos nativas podem ter comercializado cães e provavelmente não se preocupavam com o cruzamento entre as espécies.

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